Enquanto o primeiro se refere a todas as actividades económicas existentes numa dada localidade, o desenvolvimento é um conceito que envolve outros aspectos relacionados com o bem-estar, tais como os indicadores de Educação, Saúde, garantia de direitos e liberdades, entre outros indicadores.

Embora seja difícil afirmar que a situação de bem-estar numa determinada localidade do país seja preferível a uma outra, apenas porque a primeira possui um PIB per capita mais elevado. Porque razão se confunde frequentemente desenvolvimento com crescimento económico?

Em que sentido o município do Soyo, onde se explora grandes quantidades de petróleo, é mais desenvolvido do que o município da Caála? Ou o Kuango, rico em diamantes, mais do que o Negage, ou o Lukapa mais do que o Sambizanga? Uma possível explicação é o facto de que, para alguns políticos e economistas, fica muito mais cómodo apresentar o aumento do PIB per capita como sendo um indicador fácil de quantificar, ao invés de falar de aspectos importantes, tais como os níveis de distribuição do rendimento entre as pessoas que vivem nestas localidades, entre os diferentes municípios do país, etc.

Pode-se até acreditar que o aumento do PIB per capita nacional, tenha possibilitado a resolução de muitos dos problemas sociais e políticos existentes no país ao longo dos últimos anos.

Mas a experiência da última década, diz-nos que esta crença de que o mesmo se aplica, quando a nossa referência é um município, parece bastante ingénua. Municípios há, em que as constantes e permanentes dificuldades económicas e sociais existem, independentemente de qualquer que seja a dinâmica de crescimento económico do país.

Pode-se constatar esta realidade tanto em municípios onde o aumento do PIB tem sido acelerado, como aqueles em que tal não se tem verificado. De facto, quando alguém tenta medir o grau de desenvolvimento ocorrido num dado município olhando apenas os níveis de crescimento do PIB, comete dois erros muito básicos de análise.

O primeiro tem a ver com o facto de ignorar as evidências, segundo as quais, o crescimento económico pode falhar na resolução das dificuldades e de problemas sociais e políticos. Inclusive, certos tipos de crescimento podem mesmo estar na origem dessas dificuldades. Que o digam aqueles munícipes que vivem em regiões do país onde aumentou a actividade económica e simultaneamente os conflitos de terra, a pressão sobre os recursos naturais e a alteração em sentido negativo das pautas, comportamentos e valores culturais.

O segundo erro é o facto de se ignorar a verdade segundo a qual a complexidade dos problemas do desenvolvimento faz com que, a utilização apenas de um indicador como o PIB, esconde mais do que mostra sobre a situação de um dado município.

Temos a impressão que se recorre unicamente ao valor do PIB, para demonstrar o nível de desenvolvimento de uma dada localidade, em parte porque se prefere evitar ter o reconhecimento de que a distribuição poderia ter sido mais bem feita, mas também com o facto de se ter de encarar os verdadeiros problemas que obstaculizam o desenvolvimento económico local.

Ao discutir os desafios com que agora nos deparamos, temos de dissipar o nevoeiro que envolve a palavra desenvolvimento e definir mais rigorosamente o significado deste conceito entre nós. Só depois será possível pensar em objectivos e melhorar a formulação de políticas públicas de desenvolvimento, cuja implementação poderá ser medida através de indicadores mais apropriados, tanto ao nível nacional, como ao nível local.

Dizer que o município A ou B se desenvolveu, ou não, olhando apenas para os aumentos ou recuos que se possam verificar em relação ao PIB, é o mesmo que emitir apenas um juízo de valor.

Porque lá bem no fundo, todos nos sabemos que o desenvolvimento é, inevitavelmente, um conceito associado a melhorias visíveis e reais nas condições de vida das pessoas de uma dada localidade. Pretender que assim não seja é apenas esconder as nossas mazelas, sem pretender repará-las.