“Quando percorremos diversas áreas da companhia, encontramos muitos excessos, equipamentos em duplicado, armazéns com enormes quantidades de tudo”, refere a administração, prometendo ao mesmo tempo que as mudanças em preparação representam o “início de uma nova cultura na TAAG”.

A actual situação financeira da nossa transportadora de bandeira TAAG, reconhecida como a pior de sempre pela nova administração liderada pelo inglês Peter Murray Hill, não permitiu o pagamento do subsídio de Natal e horas extras acima dos 45 dias aos tripulantes. Uma situação que está a gerar uma onda de contestação e troca de acusações entre os tripulantes, direcção de operação de voos e sindicato dos pilotos.

Os tripulantes acusam a direcção de operação de voos de pactuar com as novas medidas de saneamento da TAAG, acusação negada pela referida direcção, que se defende com a justificação de apenas ter sido informada pelo conselho de administração na reunião da semana passada, apesar de partilhar as preocupações dos tripulantes.

“A administração esteve reunida na passada quinta-feira, 19, e passou a mensagem de que seria necessário fazer contenção de custos passando pelo adiamento de alguns pagamentos que seriam devolvidos assim que houvesse uma situação de tesouraria mais desafogada”, explicou o director de operações de voos.

De acordo com o director, estes cortes não foram especificados e ninguém tinha informação privilegiada que pudesse ser transmitida a todos os trabalhadores da companhia, e segunda-feira, 23, constatou através da folha de salários que tinha sido pago o salário base + 45 H, ficando por pagar o subsídio de horas (além das 45) e o subsídio de Natal.

A negociação relativa aos cortes também foi negada pelo sindicato dos pilotos. Segundo o seu presidente, Jaime Pinto, o sindicato não negociou nem cortes, nem tão-pouco foi auscultado antes destas decisões terem sido tomadas.

“A direcção do sindicato só pode aceitar qualquer decisão laboral se a levar à consideração da Assembleia Geral para a aprovação. Por isso, a acusação é uma especulação que não tem nexo”, disse Jaime Pinto que garante, ter sido garantido, na reunião do dia 20, com os sindicatos, para a apresentação do novo PCA e para informação sobre a situação financeira da empresa, o pagamento dos meses de Novembro e Dezembro a todos os trabalhadores.

A crise financeira da TAAG resulta dos prejuízos acumulados durante muitos anos, que foram sendo sempre suportados por subsídios do Governo. Dada a actual situação económica do país, o governo não está apto a suportar o apoio suficiente para cobrir as necessidades de tesouraria, ao que acresce a queda das receitas de passageiros e carga, o que torna o desafio cada vez maior, cada mês que passa, segundo fonte da TAAG.

Cofres vazios O Conselho de Administração da transportadora aérea nacional, em comunicação distribuída aos trabalhadores reconhece que a TAAG “enfrenta a maior crise financeira na sua longa e notável história”. Liderada desde Setembro pelo inglês Peter Murray Hill, o documento refere mesmo que “um dos primeiros sacrifícios” da empresa passa por todos aceitarem que “este mês, e provavelmente o próximo”, apenas será possível “pagar o salário base”.

“Em devido tempo, quando a nossa posição de tesouraria o permitir, pagaremos os montantes pendentes”, lê-se ainda, sem concretizar quando será liquidado o pagamento do subsídio de Natal aos trabalhadores. No documento, a administração transmite uma mensagem com “não haverá retorno aos velhos tempos de performance indiferente, de enganar a companhia, de apropriação indevida dos fundos da companhia e equipamentos, etc”, lê-se.

A situação financeira da TAAG, ao longo dos últimos anos, foi apontada como instável, o que obrigou a empresa a passar por diversos programas de saneamento, que não terão surtido efeitos.

No ano passado a TAAG teve um prejuízo de 99 milhões de dólares, segundo informação oficial, e para alterar a rota da transportadora, o Governo e a Emirates Airlines assinaram um contrato de gestão de cinco anos, para a introdução de uma “gestão profissional de nível internacional” na companhia de bandeira angolana, a melhoraria “substancial da qualidade do serviço prestado” e o saneamento financeiro da companhia, para que, dentro de cinco anos a TAAG obtenha resultados operacionais positivos de 100 milhões de dólares.