"Fonte do Banco Nacional de Angola diz ao Expresso que uma das medidas de retaliação a serem adoptadas contra os portugueses passará pelo congelamento das transferências cambiais e expatriação de dividendos, sob a alegação de que Angola atravessa uma grave crise de divisas", lê-se no caderno de Economia do semanário português, hoje nas bancas.

Segundo o jornal, que dá honras de primeira página ao "Caso BPI", esse poderá ser um dos danos colaterais do braço-de-ferro entre a empresária angolana e o banco luso, neste caso com efeitos consideráveis tendo em conta a presença de milhares de empresas e expatriados portugueses em Angola.

"Vamos fazer prevalecer o nosso direito de soberania sobre o direito internacional privado, para defender os nossos interesses", afirma um dirigente do MPLA, citado pelo jornal.

Já no que diz respeito exclusivamente às partes envolvidas no negócio que daria a Isabel dos Santos o controlo do BFA - como contrapartida da saída do BPI, em acordo com os espanhóis do CaixaBank -, o cenário antecipado envolve a aprovação de um decreto por José Eduardo dos Santos.

Idoneidade de Isabel dos Santos reconhecida

"O Expresso apurou que está já preparado um decreto presidencial, com o fim de retirar os direitos de voto à maioria dos 51% detidos pelo BPI no BFA", escreve o semanário.

A fórmula apresentada viabilizaria o domínio de Isabel dos Santos no BFA, cuja participação, através da UNITEL, está fixada em 49%.

Sobre a polémica do estatuto de idoneidade da administração do BIC Portugal - apontada por alguns órgãos de comunicação como causa do fracasso das negociações -, o jornal avança que as reservas envolvem Jaime Pereira, e não a empresária, já aprovada pelo Banco de Portugal

Neste cenário, a anunciada visita do primeiro-ministro português a Angola assume cada vez mais um carácter de urgência.