"O surto em Angola continua de elevada preocupação devido à transmissão local persistente em Luanda apesar de quase seis milhões de pessoas terem sido vacinadas; há registo de transmissão local em seis províncias (zonas urbanas e portos principais) e há um alto risco de propagação aos países vizinhos", escreve a OMS num relatório sobre a situação da febre-amarela.

A organização considera que há um risco elevado de estabelecimento da transmissão local em outras províncias onde não há ainda registo de casos autónomos.

Dois casos registados na República Democrática do Congo terão sido importados de duas províncias de Angola onde não há registo de transmissão local (Cabinda e Zaire).

O risco de transmissão local em Cabinda é elevado devido aos expatriados que trabalham na província e isto constitui um risco agravado de transmissão à República Democrática do Congo e à República do Congo, que fazem fronteira com o enclave angolano, alerta a OMS.

Casos importados de Angola foram já confirmados em três países: a República Democrática do Congo (37 casos), o Quénia (dois casos) e a China (11 casos). Há também um casos suspeito na Namíbia, o que realça o risco de disseminação internacional através de viajantes não imunizados.

A OMS informa ainda, no relatório, que apesar da campanha de vacinação a decorrer em Luanda, Benguela e Huambo, os números apontam para uma cobertura insuficiente nas três províncias.

A posição da organização surge depois de, na quarta-feira, a directora provincial da Saúde de Luanda, Rosa Bessa, ter anunciado que a epidemia de febre-amarela está controlada.

Segundo a responsável, os casos e óbitos por febre-amarela registaram uma redução considerável, resultado da campanha de vacinação que decorre na província de Luanda, o epicentro da epidemia, onde estão ainda por vacinar 500 mil pessoas.

Segundo os dados transmitidos à OMS pelo Ministério da Saúde de Angola, entre 5 de Dezembro e 4 de Maio de 2016, o Ministério da Saúde registou um total de 2.149 casos suspeitos com 277 mortos e 661 casos confirmados em laboratório, 70% dos quais na província de Luanda, pode ler-se no relatório hoje publicado pela organização.

Há casos confirmados em 13 das 18 províncias e há casos suspeitos em todas as províncias, havendo registo de transmissão local em seis províncias, em 14 distritos, incluindo Luanda.

Cerca de 1,7 milhões de vacinas serão entregues a Angola em breve e outras 700 mil foram pedidas pelo Grupo Internacional de Coordenação.