De acordo com a cronologia dos factos, Teresa Domingos deu à luz o pequeno Francisco Domingos, na sexta-feira, dia 13 de Maio. Dois dias depois, recebeu alta. Na segunda-feira, dia 16, a malograda teve uma recaída e, de imediato, foi levada ao hospital.

Foi aí que Yuri, que abriu as portas da sua residência à reportagem do Novo Jornal, recebeu a notícia da morte da esposa, com quem vivia maritalmente há 12 anos.

"No dia em que a minha esposa faleceu, liguei aos parentes dela para avisar do passamento físico. Na terça-feira, o tio da malograda chamou os meus familiares, na minha casa, onde se passava o óbito, e disse que como eu não tinha cumprido os rituais enquanto a malograda estava viva, para dignificar a minha esposa, já não me restaria nada se não realizar o pedido, caso contrário, ninguém enterraria o cadáver", recordou o viúvo.

Esta exigência provocou revolta e desavença entre as duas famílias.

Enquanto decorria a discussão, o corpo de Teresa Domingos permaneceu uma semana na morgue, porque os familiares do viúvo recusaram cumprir o ritual exigido pela família da falecida. Os parentes da malograda, segundo informações de Yuri, assumiram a responsabilidade de pagar a morgue até a realização do pedido.

Com o filho recém-nascido ao colo durante toda a entrevista, e com os olhos lacrimejantes, o viúvo disse que sempre quis cumprir os deveres com a sua amada, mas a falta de união dos familiares dela impediu que o acto se consumasse. Yuri recusa assim responsabilidades na falta do pedido, mas para deixar o corpo da esposa repousar resolveu conversar com os familiares dela, aceitando a exigência de cumprir o ritual.

Três milhões de kwanzas para realizar o pedido

Depois do corpo de Teresa Domingos ter ficado uma semana na morgue à espera que o marido realizasse o alambamento, a família entendeu que para dar dignidade à filha falecida, o viúvo tinha de pagar três milhões de kwanzas para o cumprimento do pedido, situação que causou ainda mais confusão entre as famílias.

Depois de algumas horas, o pai da malograda fez um abatimento, reduzindo a quantia para os 150 mil Kwanzas. Yuri Manuel confirmou ao NJ que pagou os valores na sexta-feira, dia 20, como sinónimo de cumprimento do ritual. No dia seguinte, o corpo da esposa desceu à terra para descansar no campo santo.

A malograda deixa quatro filhos. O recém-nascido está sob os cuidados de uma vizinha do quintal, que deu à luz no mesmo dia, e que recebeu a criança para lhe prestar os cuidados que ele necessita.