A posição foi transmitida hoje, em Luanda, pelos administradores de petrolíferas como a BP, Chevron e Total, após uma reunião com o novo conselho de administração da concessionária estatal Sonangol, liderado desde segunda-feira por Isabel dos Santos, o qual pretende reduzir esses custos de produção para oito a dez dólares por barril, melhorando a eficiência do sector.
"A melhor maneira é concentrarmo-nos nas oportunidades, assegurar que os nossos contratos são eficientes e há potencial para partilhar logística entre os vários blocos. Mas o mais importante é a comunicação entre a indústria e a concessionária. E, juntos, podemos reduzir custos", disse, questionado pela Lusa, Darryl Willis, diretor-geral da BP Angola.
"Há muito petróleo e gás neste país e temos de o ajudar a desenvolver", enfatizou o responsável da petrolífera britânica, elogiando o compromisso de "eficiência, redução de custos e transparência", apresentado publicamente pela nova administração da Sonangol.
Darryl Willis garantiu que a BP "vai continuar em Angola" e considerou como "muito importantes" os compromissos de gestão assumidos pela administração de Isabel dos Santos, que esteve nesta reunião com as petrolíferas.
"Se tivesse que descrever Angola numa palavra essa palavra seria: potencial. De encontrar mais petróleo e gás, de desenvolver os campos mais pequenos e marginais e no futuro desenvolver gás natural. O futuro é risonho em Angola", garantiu.
Posição idêntica, de elogios à nova administração da Sonangol, foi assumida por John Baltz, diretor-geral para Angola da norte-americana Chevron, que opera os blocos 0 e 14, tendo apontado a necessidade de "trabalhar em conjunto com a concessionária" para "reduzir os custos" de produção.
Nomeadamente com "mais eficiência e rapidez" na tomada de decisões: "A nova administração da Sonangol mostrou-se disponível para ouvir as ideias das indústrias [petrolíferas], o que é positivo".
Nova visão "vem no tempo certo"
O responsável pela Chevron em Angola recordou que apesar da subida da cotação de crude no mercado internacional - já acima dos 50 dólares por barril - a procura mantém-se estável, pelo que "não se espera no curto prazo um grande aumento dos preços" para os produtores.
"Por isso, é mais importante ainda que a Sonangol tome as medidas que está a tomar", disse John Baltz, reconhecendo que Angola apresenta "muitas oportunidades", mas que em simultâneo necessita de uma "estrutura fiscal" que permita desenvolver novos campos de produção.
Jacques Azibert, diretor-geral da Total Angola, defendeu no final do encontro que a nova visão para a Sonangol "vem no tempo certo", tendo em conta a quebra nos preços do crude no mercado internacional, enfatizando igualmente a necessidade de reduzir custos de produção.
"Estamos a fazer esforços e a cortar, de forma pragmática e conscienciosa", admitiu.
Embora longe da cotação de 2014, mais do dobro, o responsável da petrolífera francesa em Angola admitiu que com os mais de 50 dólares por barril actuais "estaremos bem".
"Sim, queremos participar e sentarmo-nos com a nova administração para encontrar uma solução "win-win" [em que todos ganham]", disse ainda Jacques Azibert, reconhecendo a disponibilidade de Angola para "mudar" a forma de trabalho no sector e introduzir "novas ideias" para adaptar o modelo económico e custos ao actual momento.
"Esta estrutura vem no momento oportuno porque dificilmente voltaremos ao tempo do barril de petróleo a mais de 100 dólares", concluiu o responsável francês.
Eunice de Carvalho, administradora executiva da Sonangol, admitiu que a baixa do preço do crude levou vários operadores em Angola a um "processo de restruturação", tal como a concessionária estatal terá de fazer.
"Com a intenção de redução de custos e melhoria de eficiências, tal como a Sonangol vai fazer. Nós apoiamos o esforço, no sentido de que é o benefício para o país e pretendemos nós também seguir um processo que vá ao encontro dos objetivos que já estão estabelecidos para a Sonangol", disse a responsável, ex-quadro da Chevron, nos últimos 10 anos.