Apesar das reconhecidas necessidades de consumo do país, estimadas em 300 mil toneladas anuais, o navio Xing Rong Hai, que atracou no cais da MultiTerminais no passado sábado dia 4 de Junho - e cuja descarga deverá terminar hoje, 29 - permaneceu mais de 15 dias "órfão" de importador.

Segundo informações recolhidas pelo Novo Jornal online, junto das entidades que tratam dos vários processos de carga e descarga de navios no Porto de Luanda, as 26 mil toneladas a bordo da embarcação foram importadas em circunstâncias pouco habituais.

Além de um alegado mistério sobre o importador - conhecendo-se apenas alguns destinatários da mercadoria, como o Entreposto Aduaneiro e Comercial de Luanda e a Angoalissar, Comércio e Indústria -, o facto de o açúcar ter vindo em sacos completamente descaracterizados, de 50 quilogramas cada, aumenta as especulações de que possa ter como destino uma unidade produtiva. Neste caso, bastará a um eventual fabricante personalizar as embalagens com a sua marca, fazendo-a passar por produção nacional.

De acordo com uma fonte conhecedora do processo, a identificação dos sacos é uma "regra de ouro" exigida pelos próprios importadores para prevenir furtos, dentro ou fora dos portos.

Mas, com ou sem "rasto" do importador, há um dado incontornável: O tempo médio para a descarga é de 15 dias, prazo já ultrapassado e cujo encargo suplementar deixa adivinhar uma sobrecarga no preço final, a cobrar ao consumidor.

Só para se ter uma ideia, um dia a mais sobre o período definido - os tais 15 dias - pode custar cerca de 12 mil dólares. Neste caso, como a sobrestadia já vai em 10 dias, a "dolorosa" estima-se em pelo menos 120 mil dólares.