Os milhares de portugueses a trabalharem em Angola com transferências de ordenados em atraso, alguns há mais de seis meses, poderão começar a ver a situação a ser regularizada a partir de Agosto, admitiu em Luanda o secretário de Estado da Internacionalização de Portugal.

Jorge Oliveira Costa, abriu as portas a esta possibilidade depois de uma reunião de trabalho no Banco Nacional de Angola, com o Governador da instituição Valter Filipe, deixando, contudo, explicitado, nas declarações aos jornalistas, que essa foi a convicção com que ficou, que não permite falar em certezas sobre esta matéria.

O governante português disse isso mesmo desta forma, citado pela Lusa: "Fico com a sensação que há intenção de fazer pagamentos a partir de Agosto. Não me pareceu que houvesse capacidade para fazer uma assunção no calendário, porque é necessário fazer o levantamento junto da banca comercial dos montantes em atraso".

Se, por um lado, são hoje comuns os atrasos nas transferências de seis meses, é também verdade que desde 2015, num quadro de crise económica e financeira provocada pela baixa do preço do petróleo, que os chamados expatriados portugueses em Angola manifestam preocupação pela impossibilidade de transferirem os seus salários para o país de origem.

Jorge Oliveira e Costa informou ainda que o montante que está pendurado nos bancos à espera de ser transferido está a ser alvo de um levantamento por parte do BNA, sem dizer quanto é que se estima estar a aguardar transferência, admitindo que é "um montante relevante".

A regularização da situação deverá acontecer de forma coordenada entre o BNA e a banca comercial, e num período lato, por forma a não causar desequilíbrios num momento em que a disponibilidade de divisas, euros ou dólares, é muito escassa.

Apesar de, no caso do dólar, o câmbio oficial estar na casa nos 167 kwanzas, a verdade é que o único sítio onde os expatriados têm conseguido arranjar algumas divisas para enviar de forma a ocorrer a urgências, é o mercado informal, onde por cada dólar pagam entre 600 e 650 kwanzas, e os euros entre 700 e 750, quando o câmbio oficial fica próximo dos 180.