Em Luanda, e até sexta-feira, os governos de Angola e da RDC, juntamente com a ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, vão procurar prolongar novamente a moratória por forma a ganhar mais tempo para normalizar a situação legal dos milhares de angolanos que ainda permanecem no país vizinho desde a guerra em Angola, alguns há mais de 30 anos.

A comissão técnica definida pelos governos de Kinshasa e Luanda, criada na sequência da crise dos refugiados que em 2009 encheu as estradas entre a extensa fronteira da RDC e Angola, especialmente a de Kimbala, mas também noutros locais, como Cabinda, por exemplo, até às cidades mais próximas e mesmo para a capital angolana, deverá agora, segundo o Ministério das Relações Exteriores, procurar prolongar a moratória que terminou há um ano.

O objectivo de prolongar o acordo é criar condições que permitam legalizar a situação dos angolanos na RDC, cujo estatuto de refugiados de guerra expirou aquando do fim do conflito militar em Angola no ano de 2002.

Este encontro a três, ACNUR e equipas interministeriais dos governos de Luanda e Kinshasa, acontece depois de vários milhares de angolanos que estavam na RDC terem regressado ao país graças a uma operação em larga escala das Nações Unidas. Cerca de 16 mil só em 2014/2015.

Entre os vários pontos acordados entretanto por Angola e a República Democrática do Congo, constam a possibilidade de os angolanos que pretendam permanecer no país vizinho o possam fazer legalmente, até porque alguns milhares já nasceram do outro lado, ou regressar a Angola de acordo com condições para isso criadas ou a criar pelo executivo de Luanda e pela ACNUR.

O número aproximado de angolanos que chegaram à RDC fugindo dos 30 anos de guerra em Angola nunca chegou a ser definido com clareza, mas algumas estimativas apontavam para mais de 100 mil aquando da crise de 2009.

Nesse momento, com a data de 05 de Outubro de 2009 registada como o início do "êxodo", muitos milhares atravessaram a fronteira e mais cerca de 30 mil estavam previstos regressar posteriormente e de forma organizada, mas o processo nunca chegou a ser concretizado na íntegra.

Entretanto, de acordo com números da ACNUR, também Angola serviu de refugio a alguns milhares de congoleses-democráticos, estimando-se em finais de 2009 que esse número fosse ligeiramente superior a 14.500.