O Centro de Saúde da Congregação das Irmãs Salesianas, em Viana, atendeu nos primeiros seis meses do ano mais de 700 pessoas com tuberculose, mais uma centena que no ano passado em igual período.

As 730 confirmações de infecção pelo bacilo de Koch resultaram de mais de 2000 pessoas rastreadas na unidade de saúde das irmãs salesianas, resultando num aumento de 102 casos face a 2015.

O aumento do número de casos de tuberculose neste centro surge em consonância com o aumento da doença em Angola, que tem sido constante.

Nos últimos dois anos, as infecções mostram tendência acentuada de aumento, muito por causa da degradação das condições de vida das populações em resultado da crise, do crescente consumo de álcool e da alimentação inadequada ou escassa e também de pacientes que adquirem tuberculose associada à SIDA.

Como comparação, Angola, em 2013 registou 60.807 casos de tuberculose, número que em média, tem vindo a crescer mais de 10 por cento ao ano.

No centro das irmãs salesianas de Viana, que pode ser visto como um retrato do país, a responsável, Rosária Iscoizato, citada pela Angop, refere que depara com um escasso fornecimento de medicamentos e, por vezes, incompleto, situação que agrava a condição dos doentes que são sujeitos a um tratamento longo e complexo, com a utilização de vários medicamentos ao mesmo tempo.

Em Angola, a principal unidade de saúde para atender estes doentes é o Hospital Sanatório de Luanda, onde, segundo o seu director clínico, entram, em média, 20 novos doentes confirmados por dia.

Um dos grandes problemas para debelar a tuberculose é o prolongado tratamento que, muitas vezes, leva os pacientes a desistirem, levando ao recomeço do ciclo de propagação de infecções. A tuberculose pulmonar, a mais comum, é a responsável pela maioria das contaminações por causa da expectoração.

Em Angola estima-se que existam mais de 200 mil pessoas infectadas e só este ano já foram diagnosticadas mais de 16 mil.

O rastreio da população é, segundo a Organização Mundial de Saúde, o principal instrumento para combater a doença, que é a segunda causa de morte no mundo por infecções, com destaque para a África subsaariana e a Ásia.

A OMS aponta ainda África subsaariana como o principal foco de novas infecções mundial, sendo um dado preocupante o facto de a maioria do casos de tuberculose surgirem em conjunto com o HIV/SIDA.