No mesmo dia em que se une no último adeus a Arlete, a família da jovem de 26 anos, que deixa um filho de cinco anos, vê renascer a esperança de lhe fazer justiça. "O Cláudio já está na Polícia", disse hoje ao Novo Jornal online a prima Letícia Bunga, que, na passada quarta-feira, 27 de Julho, partilhou nas redes sociais fotografias e um alerta para a captura daquele que é apontado pelos familiares como o responsável pela morte da parente.

"Quem o vir, faça o favor de levá-lo à Polícia", apelava a mensagem, divulgada 48 depois da morte de Arlete, ocorrida a 25 de Julho.

Uma semana depois, foi o próprio suspeito, Cláudio Soares, quem se entregou às autoridades, confirmou hoje, 2, o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Mateus Rodrigues.

"Apresentou-se numa das nossas esquadras, conforme o nosso apelo, e deverá ser conduzido ao Ministério Público nas próximas horas", adiantou o responsável, em declarações à Rádio Luanda.

Sob custódia policial após uma semana foragido, o principal suspeito da morte de Arlete deverá ser acusado não apenas pelo homicídio - ainda que involuntário - mas também pelo aborto. Igualmente detido está o homem que aplicou uma injecção à vitima, para lhe interromper a gravidez.

Os factos estão sob investigação, mas para a família de Arlete a culpa de Cláudio Soares, com quem a jovem namoraria há três anos, está mais do que comprovada.

"Ela deu conta que estava grávida logo no primeiro mês e foi aí que os problemas começaram. O Cláudio estava sempre a pedir para ela tirar a criança. Dava-lhe dinheiro mas ela não queria tirar e foi assim até aquele dia", relata a prima Fátima, tal como Letícia irmã de criação de Arlete.

Segundo Fátima e Letícia Bunga, que falaram ao Novo Jornal online, após várias tentativas frustradas de convencer a então namorada a abortar, Cláudio mudou de estratégia.

"Ligou a dar uma de arrependido, para combinar levar a Arlete a uma clínica com a desculpa de que queria saber se estava tudo bem com o bebé. Mas era tudo mentira. Era só para a atrair", conta Fátima.

Do convite para uma consulta médica até à morte passaram-se cerca de 48 horas. Apesar de ter levado uma amiga - alegadamente por estar desconfiada da súbita mudança de atitude do namorado -, Arlete não conseguiu fugir do destino que lhe estava reservado.

Transportada para uma casa comum, onde tinha à espera um falso enfermeiro, a mulher foi forçada a receber uma injecção para abortar.

O estado avançado da gravidez - já com seis meses - aliado ao facto de o homem que aplicou a substância não ter qualquer formação médica, circunstâncias agravadas pelo recurso tardio a um hospital, acabaram por conduzir Arlete à morte, dois dias depois da intervenção.

Apesar de ter entrado com vida na Maternidade Lucrécia Paim, para onde foi transportada pelo próprio Cláudio, que se identificou como seu irmão, Arlete não resistiu às complicações.

Mais do que fugir à paternidade, Letícia e Fátima garantem que o namorado da prima pretendia "salvar" o casamento, marcado para Setembro.