A decisão foi tomada no Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores da SADC que teve lugar em Mbabane, na Swazilândia, integrada num pacote de determinações que, entre outras, impõe à organização regional a indicação de dois candidatos, um feminino e outro masculino, à totalidade dos cargos a que decida concorrer no futuro.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chikoti, citado pela Angop, ficou assente, nesta reunião de Mbabane, que a SADC vai indicar os seus candidatos ao cargo de comissário(a) para os assuntos Políticos e Desenvolvimento Agrário da Comissão da União Africana (UA).
No entanto, a indicação de Venson-Motoi para um dos mais importantes cargos da União Africana, de quem depende a gestão contínua da UA e o cumprimento das determinações emanadas das cimeiras de Chefes de Estado e de Governo, é, actualmente, um dos mais sensíveis assuntos no seio da organização continental porque, na última Cimeira, em Kigali, Ruanda, os Estados-membros não se entenderam quanto ao nome que deverá substituir a sul-africana Nkosozama Zuma na presidência da Comissão da União Africana.
Por isso, adivinhando-se uma disputa intensa entre os diversos blocos regionais, a SADC decidiu escolher o seu nome de forma clara e inequívoca, apostando numa mulher que está há muitos anos na política e conhece bem os meandros da UA.
Um dos problemas que a Comunidade austral de países terá de ultrapassar é a questão da origem geográfica comum da ainda presidente da Comissão Executiva, a África do Sul, e da candidata actual, tendo em consideração que uma das questões permanentemente em cima da mesa é a dos equilíbrios regionais nos órgãos directivos da organização.
Para já, sabe-se, como disse Georges Chikoti, que a SADC tem os olhos postos também no cargo de comissão para os assuntos Políticos e Desenvolvimento Agrário da Comissão da União Africana, que é um dos mais importantes na UA e tem uma acrescida importância para Angola num momento em que o país aposta definitivamente na agricultura para contornar a crise provocada pela baixa do preço do petróleo e a excessiva dependência desta matéria prima.
"As candidaturas estão abertas, mas o Comité Ministerial da Troika do Órgão (CMO) vai reunir-se em Setembro para discutir profundamente esta questão e tomar uma decisão", disse o ministro angolano.
Outro ponto quente nesta reunião foi a questão das contribuições dos Estados-membros da UA, que, alias, tem lugar quase cativo nas reuniões da organização, sublinhando Chikoti que Angola já cumpriu com o seu compromisso.
Este encontro dos ministros foi uma das etapas preparatórias para a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC, que decorrerá também na capital da Swazilândia nas próximas terça e quarta-feira.
E a seca?
Um número alargado de assuntos vai estar em debate nos próximos dias 30 e 31, com os Chefes de Estado e de Governo reunidos em Mbabane.
Uma delas é a questão que transita das duas anteriores cimeiras, que é a industrialização da região, mas a questão da seca severa que atinge vários países da SADC naquela que já foi considerada a pior em mais de três décadas, deve estar igualmente sob a atenção dos lideres da SADC.
Vários países já declararam emergências nacionais e a vizinha Namíbia é um dos países mais afectados pelas condições meteorológicas extremas que duram há mais de um ano e que têm, como se sabe, semelhantes efeitos no Sul de Angola.
Que resposta deve a SADC dar, que forma de envolvimento deve ser sugerida à União Africana e que mecanismos devem ser accionados, são algumas das questões que as populações dos países afectados pela seca aguardam para ouvir aos seu governantes.
A SADC é composta pelos seguintes países: Angola, África do Sul, Botsuana, República Democrática do Congo (RDC), Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabué e Seicheles.