Quase no fim da sua comissão em Luanda, o embaixador da União Europeia (UE), Gordon Kricke, afirmou em entrevista ao Novo Jornal que, entre as grandes prioridades de Bruxelas no relacionamento UE-Angola, estão o reforço da democracia, dos direitos humanos e o combate à pobreza e a defesa da justiça social, enquanto "elementos essenciais" da política externa da comunidade europeia.

O diplomata alemão, que representa a União Europeia em Angola há cerca de três anos, sublinha nesta entrevista, publicada na edição desta semana do Novo Jornal, que a sua missão no país tinha como "objectivo geral" a "intensificação da parceria" entre Bruxelas e Luanda e fortalecer as relações políticas entre o bloco de países europeus e Angola.

No entanto, recorde-se, Kricke esteve no centro de uma das mais acesas polémicas entre a UE e Angola, quando, em Março/Abril últimos, depois de emitir um comunicado com conteúdos críticos à detenção e julgamento dos jovens do "Caso 15+2", foi chamado ao MIREX para ouvir do Governo angolano um sério aviso de que a "interferência" da União Europeia nos assuntos internos do país não voltaria a ser tolerado.

Reafirmando que Angola é "um parceiro importante" da UE em África, Gordon Kricke sublinha na entrevista, enquanto pontos mais importantes do caminho conjunto percorrido, a "intensificação do diálogo e da cooperação" em capítulos como "a paz e segurança, boa governação e direitos humanos, crescimento económico e desenvolvimento sustentável, energia, ciência e tecnologia, sistemas de transportes, alterações climáticas, assim como ensino superior e formação".

O diplomata europeu fez ainda questão de enfatizar que a UE disponibiliza, no 11º Fundo Europeu de Desenvolvimento, 210 milhões de euros que apontam para a melhoria da agricultura sustentável, água e saneamento, formação profissional e ensino superior.

"São áreas que têm, sem dúvida, uma relevância particular na facilitação de uma vida melhor para a população menos favorecida, sobretudo nas áreas rurais, e na melhoria do nível da educação em geral", nota Kricke.

Quando questionado sobre outros patamares de cooperação com Angola, o embaixador destaque as ONG angolanas em várias áreas porque, "no mundo moderno, uma sociedade civil livre, confiante e activa desempenha um papel essencial no desenvolvimento de um país, das suas instituições democráticas e contribui para o reforço dos direitos humanos".

Gordon Kricke faz ainda, nestes três anos, um "balanço bastante positivo" porque "foi possível intensificar as amplas relações que unem a UE e Angola" e está convencido de que "pode ser feito muito mais.

"Os laços comerciais e económicos, a transferência de know-how e tecnologia, por exemplo, ainda têm muito potencial", sustentou.

Para o futuro das relações entre a União Europeia e Angola, Kricke, lembrando antes que a sua organização está presente há 30 anos no país, aposta numa cooperação apontada à agricultura sustentável, água e saneamento, formação profissional e ensino superior, além do apoio à sociedade civil.

(Pode ler a entrevista na sua versão integral na edição nº 446 do Novo Jornal, nas bancas ou em versão digital, que é paga em kwanzas)