Os mais velhos por certo se lembram dos anos civis com slogans próprios como foram os casos de 1978, o ano da Agricultura, 1979 - ano da Formação de Quadros, 1980 da Produção ou 1981 o ano da Vigilância e Controlo.

Não é de hoje a prática do uso de grandes slogans mobilizadores para a construção da imagem política da governação, sobretudo em termos da afirmação de valores que guiarão a vida pública.

Embora não tenha sido declarado formalmente nem estejamos nos marcos de um ano civil, na verdade foi inaugurado de Agosto de 2016 a Agosto de 2017 o "Ano do rigor e da disciplina".

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A cultura do rigor é irmã gémea da responsabilização e da prestação de contas. No nosso caso, não é possível falarmos do rigor e da disciplina se não tivermos a coragem de enfrentar esse "dragão de sete cabeças" que se chama corrupção endémica. Enquanto o slogan deixa entender um sprint final de um ano de luta pelo rigor e disciplina, temos vivido largos anos de uma demorada e roedora maratona de corrupção. A nossa corrupção, no seu nível mais "ruminante", assenta na arte de criar dificuldades para vender facilidades.

Encontramos até uma máxima para conseguir que ele seja visto com a cara de preservação cultural e portanto por todo o lado, sabemos, aceitamos, convivemos com a ideia de que "o cabrito come onde está amarrado".

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