Este cenário pode revelar-se como um boa notícia para os países produtores, como é o caso de Angola, actualmente o maior produtor de petróleo na África subsaariana, com cerca de 1, 7 milhões de barris por dia, porque, dentro de alguns anos, deixará de haver um excesso de oferta no mercado e isso implica um aumento significativo no valor do barril.

A razão para esta queda abrupta da descoberta de novos poços de petróleo resulta de uma quebra no investimento na exploração pelas multinacionais do sector, revela o documento da Wood Mackenzie, citado pela Bloomberg.

Esta quebra, por sua vez, é fruto da menor procura e do excesso de oferta registado nos últimos anos, o que levou a um decréscimo no preço do barril nos mercados internacionais e o consequente aumento do risco de o investimento na procura de novas reservas não ser ressarcido.

O mesmo documento da consultora Wood Mackenzie aponta ainda para um acentuar desta tendência no ano corrente.

No ano passado foram descobertas reservas de 2,7 mil milhões de barris, números que só aconteceram pela última vez em 1947, tendo, nos primeiros seis meses deste ano, as novas descobertas ficado pelos 736 milhões de barris.

A diminuição em cerca de 60 mil milhões de dólares na procura de novas reservas, de 100 mil milhões, em 2014, para 40 mil milhões de dólares, em 2015, deixa antever que, até 2018, não aconteçam grandes alterações nestes valores.

Como pano de fundo para este cenário de baixa no investimento está o baixo valor do barril nos mercados, que demonstra uma grande resistência em ultrapassar os 50 dólares.

Apesar de este número ser bastante superior aos 27 dólares do início deste ano, fica muito aquém dos 147 dólares de 2008 ou até dos 110 que atingiu em meados de 2014.

Uma das áreas mais atingidas, e aquela que mais vinha a contribuir para as novas reservas, foi a da extracção do chamado petróleo de xisto, com grande destaque para os estados Unidos da América, e que consiste numa técnica de fractura das rochas por meio de força hidráulica conseguida através da injecção de água a altas pressões nas camadas de solo onde esta se encontra.

Para os países produtores, como é o caso de Angola, actualmente o maior em África, esta realidade pode consubstanciar boas notícias porque, por causa da forte quebra no investimento, dentro de alguns anos não haverá já excesso de oferta e, paulatinamente, o mercado será de novo palco de défice de oferta em relação à procura.

As estimativas em relação à procura são igualmente revistas em alta e, só no mercado norte-americano, os especialistas apontam para um crescimento de 94 milhões para 105 milhões de barris por dia.