Angola possui o maior complexo integrado de rochas ornamentais do mundo, com 45 mil quilómetros quadrados, situado no Cunene, informou o secretário de Estado da Geologia e Minas, no arranque de um projecto de recolha de informação sobre o potencial extractivo do país nas províncias do Sul.

Miguel Junior, no momento em que se preparava para sair a excursão geológica pelo Sul, contextualizou esta iniciativa no Plano Nacional de Geologia, enquadrado pelo subprograma de levantamentos geofísicos por via aérea, integrando a "excursão" um conjunto de técnicos nacionais e estrangeiros.

O esforço que está a ser feito para determinar com precisão o potencial mineiro do país, onde se enquadra esta excursão, tem uma perspectiva de longo prazo e, no fim de linha, visa contribuir para a almejada diversificação da economia que vive comprimida pela excessiva dependência do petróleo.

O governante destacou como pontos essenciais deste mapa que traça os caminhos das riquezas do subsolo angolano, o complexo gabro-anortosítico do Cunene (rochas ornamentais), sendo um bom exemplo o famoso granito negro do Sul de Angola, carbonático da Tchivira e Bonga, minas de ferro de Kassinga e a Fenda da Tundavala.

Nesta excursão, que hoje saiu para a estrada, estão cerca de quatro dezenas de especialistas, entre nacionais, portugueses, sul-africanos, espanhóis e, entre outros, norte-americanos, tendo sido a primeira etapa a passagem pelo maior depósito do mundo de rochas ornamentais, no município da Chibia, o espaço tecnicamente denominado complexo gabro-anortosítico do Cunene.

Integrada na caravana, a geóloga Isabel Duarte, da Universidade de Évora, Portugal, descreveu esta iniciativa como essencial para a recolha de informação e a actualização do sistema de armazenamento de dados de diversas instituições universitárias em todo o mundo.

"Temos na nossa universidade estudantes angolanos e de outros países com várias pesquisas sobre geociências que precisam de ser enriquecidas para, posteriormente, serem utilizadas nas fases preliminares do processo de exploração", apontou esta especialista, citada pelo JA.

Recorde-se que ainda ontem, terça-feira, a China Geological Survey, a maior organização estatal chinesa que se dedica à pesquisa de minerais, assinou um memorando de entendimento com o Instituto Geológico de Angola (IGEO) que prevê a colaboração mútua na área da investigação no sector mineiro, que prevê o investimento de seis milhões de dólares pela parte chinesa..

Este memorando de entendimento, assinado pelos responsáveis do IGEO, Mankenda Ambroise, e pelo vice-presidente da China Geological Survey (CGS), Li Jinfa, surge como uma etapa do percurso que ambos os países têm feito no âmbito das geociências, especialmente notado através do envolvimento de empresas chinesas no Plano Nacional de Geologia.

Este memorando trata-se de mais uma contribuição para o conjunto de medidas que fortalecem a cooperação entre os dois países, especialmente no que concerne à identificação de novos projectos de interesse comum nos domínios da investigação geológica e mineira.

A CGS é mundialmente reconhecida pela tecnologia avançada que utiliza nos seus estudos e pesquisas, especialmente na área da geo-detecção e no registo de dados e na sua análise, permitindo-lhe adquirir informação detalhada e minuciosa em todo o leque de perspectivas no âmbito da investigação geológica e geofísica aplicadas ao sector mineiro.