Perante este cenário, na perspectiva da FItch, e segundo o seu último relatório sobre Angola, só restava descer o "rating" da sua dívida soberana de "B+" para "B", que é um escalão que determina, segundo a agência, um mau investimento, ou "lixo", para os investidores.

Esta situação, que 2016 será o pior dos últimos 14 anos para a economia angolana, não é uma inteira surpresa para as autoridades financeiras do pais perante os sinais que a economia vai passando para o exterior nos últimos meses por causa dos conhecidos profundos impactos que a queda abrupta do preço do petróleo nos mercados internacionais tiveram e de uma forma transversal.

Foi perante este cenário preocupante que os analistas da Fitch optaram por descer o rating da dívida soberana de Angola de "B+" para "B", um claro indicador aos investidores para terem muitas cautelas.

Como pano de fundo para todo este leque de avisos, está apenas uma coisa: o petróleo de que a economia angolana é altamente dependente, constituindo mais de 90 por cento das exportações do país.

A FITCH deixa ainda vários alertas e confronta o Governo com indicadores contrários às suas estimativas, negativamente, como a do crescimento, por exemplo, que, para o Executivo é de 1,1 por cento, segundo o OGE de 2016 e para a agência fica em zero (0%), e positivamente, no caso do défice das contas públicas, menos 1 por cento que aquilo que o Governo aponta, 5,8 por cento e a inflação, menos quase nove por cento, a quedar-se nos 30 por cento.

A desvalorização do kwanza e a escassa injecção de divisas no mercado não escaparam aos analistas da Fitch como pontos negativos para a elaboração de uma perspectiva negativa para a economia angolana nos próximos tempos, até porque não crê na recuperação do preço do barril do petróleo, que não deve exceder os 42 dólares norte-americanos.

Mais uma vez, ao ter em conta o olhar dos analistas da Fitch para a economia angolana, onde surge ligado ao "Outlook", claramente negativo, a questão do preço do petróleo, e se se tiver em conta que nos próximos três a quatro anos, segundo a Agência Internacional de Energia, não se prevê alterações de monta nos preços, o horizonte próximo não se afigura fácil para o país.