Os requisitos mais básicos começaram por exigir determinadas condições, normais, como por exemplo o dador estar em boas condições de saúde (que geralmente é o oposto do beneficiário), ser maior de idade, estar bem nutrido (e depois de doar sangue receber uma valente sandes) e ter vontade de doar, voluntariamente.

Aos poucos, os requisitos para doação de sangue começaram a ser um pouco mais complicados onde foram surgindo condicionantes temporárias que impediam um cidadão voluntarioso e desinteressado de doar este precioso líquido responsável pela manutenção da vida.

Os impedimentos temporários mais comuns incluem doadores que estejam doentes, mulheres grávidas (e no futuro quem sabe homens também) ou com partos recentes, pessoas com níveis de alcoolemia elevados (isto é, pessoas devidamente embriagadas), pessoas com paludismo (grande parte dos angolanos) e pessoas com tatuagens recentes, independentemente do desenho escolhido.

O elemento temporário significa não poder doar durante períodos que se podem estender de meia dúzia de dias até meses.

Adultos com peso pluma, isto é, com peso inferior a 50 quilos ou com mais de 60 anos também não podem doar. Se para os magricelas há solução, funje, feijão e pão, para os doadores da terceira idade há mais esperança enquanto receptores. Doar só se for boa vontade.

Ao longo dos anos a lista de impedimentos foi engordando para incluir impedimentos definitivos relacionados com doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue (como a hepatite e a SIDA) e com o uso de drogas. Os utentes das drogas são também mais potenciais receptores que dadores.

No entanto, a lista dos impedimentos vai sendo "melhorada" de acordo

com os dados que cada país for obtendo e com base na sua legislação e plano de saúde. Há países que não permitem que cidadãos homossexuais e bissexuais possam doar sangue, a não ser que, temporariamente mudem as suas orientações sexuais ou se abstenham de ter relações sexuais durante um período de um ano. Basicamente isto quer dizer que ou há abstinência prolongada ou então não há sangue. Admito que a última opção será a que deverá prevalecer.

Nos últimos dias surgiu mais um impedimento que foi como que um murro no ego dos angolanos, particularmente dos homens, másculos e com virilidade acima da média. A Direcção-Geral de Saúde de Portugal indicou que as pessoas que tiverem relações sexuais com indivíduos de países que supostamente têm epidemia do VIH/SIDA ficam impedidas de doar sangue, em Portugal, por um período de ano após o relacionamento sexual. E como não podia deixar de ser Angola consta desta lista, e consequentemente os Angolanos em idade sexual activa.

Mas os angolanos que não se preocupem pois o que nós precisamos é de doar sangue cá na banda e não de exportar sangue pois este acto no exterior não ajuda na diversificação da economia, não atrai divisas e nem acaba com o negócio de sangue nos nossos hospitais. O nosso sangue é nosso.

Nós temos as nossas makas e impedimentos que não são baseados nas orientações sexuais do cidadão mas sim nas suas orientações políticas. Num país onde a procura é maior que a oferta parece que não convém haver muito sangue por aí pois faltam condições para a doação e armazenamento. Os bancos de sangue estão com uma situação um pouco semelhante aos outros bancos, estão em baixa.

Por outro lado, temos muitos cidadãos empreendedores cujo negócio é ficar a rondar os hospitais na esperança de serem requisitados para uma doação voluntária de sangue a troco de uns milhares de Kwanzas. Estes não estão preocupados com as regras, com os espaçamentos entre doações, com os seus parceiros sexuais e com as questões éticas. Doam sangue como segundo salário, sem restrições, mas com desconto dependendo de quem necessita.