Assim visto, parece ser um negócio da China... e era. A água estava a ser garimpada de uma conduta próxima da Força Aérea, na Maianga, directamente para os tanques da residência, servindo depois os camiões cisterna que vendem "cargas" entre os 10 mil e os 25 mil kwanzas (de 10 a 25 mil litros).

Há cinco anos que o negócio corria bem... mas acabou mal. A Polícia Nacional deteve o indivíduo, como explicou à imprensa o porta-voz da EPAL, Domingos Paciência, estando por apurar o valor do furto durante todo este tempo e quanto este terá rendido, aproximadamente, com as vendas da água garimpada a outros privados.

Domingos Paciência, falando sobre esse assunto, não revelou se há estimativas para o prejuízo provocado, mas admitiu que o negócio rendia "valores elevados" semanalmente.

O garimpo de água das condutas da EPAL é uma prática comum e é apontada como uma das razões pelas quais, por vezes, a cidade deixa de ser abastecida, acontecendo isso, normalmente, quando os furos correm mal e as condutas são destruídas ou severamente danificadas, ficando a verter a água que falta noutras áreas de Luanda.

É ainda comum faltar água em zonas servidas por condutas pequenas e, quando estas são perfuradas pelos "garimpeiros", o abastecimento de camiões acaba por consumir toda a água disponível naquela zona.

Devido à óbvia dificuldade em vigiar toda a rede de canos e condutas de água na cidade de Luanda, a EPAL lançou um apelo à população para denunciar as situações que conheça, porque não o fazendo, está-se a contribuir para que a água deixe de fluir para as casas das pessoas.

E o mais caricato é que muita desta água furtada, acaba por ser comprada, em camiões, pelas pessoas que a ela tinham direito se não ocorresse este tipo de actividade ilícita, prometendo a empresa manter a vigilância apertada, em colaboração com a polícia, de forma a diminuir o furto de água, que hoje, admite a EPAL, assume grande relevo.