A informação consta do relatório semanal do BNA, libertado hoje, sobre a evolução dos mercados monetário e cambial entre 28 de Novembro e 02 de Dezembro, e contrasta com os 135,4 milhões de euros e 106,8 milhões de euros das duas semanas anteriores.
Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas disponibilizadas - mantêm-se exclusivamente em euros desde Março -, em vendas directas equivalentes a 263,9 milhões de dólares, destinaram-se sobretudo a cobrir necessidades de operações de empresas diversas (56,9 milhões de euros) e do sector petrolífero (53,1 milhões de euros). O sector petrolífero recebeu ainda 18,5 milhões de euros vendidos pelo BNA em leilões de preço.
Foram disponibilizadas divisas também para a importação de produtos da cesta básica (22,4 milhões de euros), para a cobertura de viagens, ajuda familiar saúde e educação no estrangeiro (17,9 milhões de euros), cobertura de cartões de crédito (17,9 milhões de euros), entre outros.
Na última semana de Novembro foram igualmente retomadas vendas de divisas aos bancos para a transferência de salários de trabalhadores expatriados (520 mil euros) e às casas de câmbio (1,5 milhões de euros), bem como para a cobertura de operações do programa de saneamento das responsabilidades externas do banco estatal BPC (dois milhões de euros).
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,725 kwanzas por cada dólar e nos 186,279 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 490 kwanzas.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
Devido ao fim de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA.
A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
Entre Janeiro e Outubro, o BNA já vendeu aos bancos angolanos cerca de oito mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) em divisas, valor que contrasta com os 15,2 mil milhões de dólares (14,2 mil milhões de euros) vendidos no mesmo período de 2015.