Trinta pessoas morreram no fim de semana em confrontos entre militares e milicianos em Tshikapa, uma cidade da província do Kasai, na República Democrática do Congo (RDC), a cerca de 40 quilómetros da fronteira angolana na Lunda Norte.

Entre as vítimas mortais, segundo a imprensa congolesa, estão 13 militares e 18 milicianos.

Durante os confrontos, as Forças Armadas da RDC (FARDC) capturaram 18 "rebeldes", tendo registado ainda 18 feridos entre as suas fileiras.

Com estes confrontos, a cidade de Tshikapa ficou totalmente paralisada, tendo apenas na manhã de hoje, ao final da manhã, iniciado uma ténue normalização, mantendo-se, todavia, as escolas encerradas nas cinco comunas da administração local.

Os milicianos envolvidos nestes confrontos são comandados pelo chefe de aldeia Mbao Kanka que, na noite de Sábado para Domingo atacaram a cidade de Tshikapa, ateando fogo a um comissariado da polícia.

Há já alguns meses que o Kasai está envolvido em diversos casos de violência envolvendo milicianos comandados por chefes locais que não reconhecem ou contestam a autoridade do Governo central e das instituições que representam o poder de Kinshasa na região, como a polícia, as forças armadas ou os tribunais.

Um dos mais violentos ataques de milicianos ocorreu em Setembro, quando centenas de indivíduos subordinados do chefe tradicional Kamwina Nsapu, que foi morto em Agosto, atacaram a cidade de Kananga, capital da província do Kasai, deixando um rasto de dezenas de mortos e vasta destruição em imóveis e bens públicos, tendo mesmo chegado a tomar de assalto o aeroporto local.

Este episódios de violência fora da capital não têm uma ligação directa com as manifestação, igualmente violentas e mortíferas dos últimos meses, em Kinshasa, que surgiram da contestação ao Presidente Joseph Kabila, por causa do adiamento das eleições.

No entanto, as organizações internacionais, como a União Africana, têm chamado à atenção para o potencial perturbador do país e dos países vizinhos, como é o caso de Angola.

As FAA, inclusive, já admitiram manter militares angolanos nas zonas de fronteira com a RDC para evitar o alastramento desta violência.