Pequim já avisou que permanece "firme e sem vacilar" na sua decisão de tudo fazer para evitar uma postura "separatista" e "independentista" de Taiwan e nem Donald Trump, segundo o Governo chinês, pode pensar que as suas ameaças de não respeitar a ideia de uma só China terão a mínima possibilidade de sucesso.

Este recrudescer da tensão entre Pequim e Taipé surge em paralelo à clara postura de desafio que o Presidente eleito norte-americano decidiu optar face ao gigante asiático como estratégia para obter ganhos comerciais entre os dois países, nomeadamente na questão, como o próprio explicou, da desafiante desvalorização subversiva da moeda chinesa ou das taxas alfandegárias sobre os produtos dos EUA que entram no país quando o contrário, segundo Trump, não se observa.

A tensão entre Pequim e Taipé surgiu quando o líder separatista Chiang Kai-Shek, e o seu Kuomintang, após a II Guerra Mundial, em 1949, se refugiou na ilha, após enfrentar e perder com Mao Tse Tung, fundador na República Popular da China (RPC), mantendo, até à data uma paz rarefeita mas com Pequim a nunca admitir sequer que Taiwan possa um dia aspirar à independência.

Tenha-se ainda em consideração que o Kuomintang tem como referência histórica e legado de Chiang Kai-Shek liderar toda a China e não apenas a ilha de Taiwan.

É neste contexto que, perante a desafiadora chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, o porta-voz do Gabinete da RPC para os Assuntos de Taiwan, citado pela imprensa oficial, ter avisado em tom sério e severo: "Temos uma irresolúvel vontade, grande confiança e capacidade suficiente e os factos mostrarão a essas pessoas que a independência de Taiwan é uma via sem saída".

Esta troca azeda de palavras acontece porque Trump saltou por cima de uma tradição de quatro décadas em que o Presidente eleito dos EUA não aceita a chamada dos lideres de Taipé, respeitando a posição chinesa de uma só China.

Mas Donald Trump não se ficou por aqui e, nos últimos dias tem esticado a corda com Pequim, questionando o porquê de os EUA terem de respeitar e permanecerem "amarrados" a um política de "uma só China" sem uma clara contrapartida de Pequim que resulte em ganhos para Washington, nomeadamente no comércio.

O teste à firmeza de Trump nesta postura de desafio à China serão as suas primeiras palavras sobre o assunto depois de tomar posse a 20 de Janeiro.

Importante também será ver até que ponto os vizinhos, como o Japão ou a Rússia, se vão comportar e se haverá da sua parte um pronunciamento oficial sobre este melindroso jogo de palavras iniciaido por Trump.