O corte anunciado pela Sonangol é um dos patamares que os 14 países da OPEP plasmaram no acordo assinado em Viena, Áustria, na sede da organização, para credibilizar a decisão de diminuir a oferta mundial de crude com o objectivo de inflacionar o historicamente baixo preço do barril.

Estava igualmente previsto no mesmo documento que os cortes seriam iniciados no arranque de 2017 e concluídos de forma faseada ao longo dos primeiros meses do ano.

Recorde-se que a este acordo, o que foi considerado como decisivo para o até aqui sucesso do plano, juntaram-se outros países, entre os quais se destaca a Rússia, o 3º maior produtor do mundo, o que elevou a diminuição de 1,2 milhões bpd da responsabilidade da OPEP para os 1,8 milhões bpd.

E o sucesso desta histórica iniciativa do cartel petrolífero pode ser visto nas tabelas de preços divulgadas pelas agências, onde o Brent (Londres), que serve de referência às exportações angolanas já está na casa dos 56 dólares norte-americanos, tendo subido, desde que o acordo da OPEP começou a ser desenhado, cerca de 15 dólares.

Com este corte, Angola, um dos países mais afectados, juntamente com a Venezuela e a Nigéria, pelos baixos preços da matéria-prima, procura alcançar aquilo que aparenta ser o objectivo delineado e manifestado pelo ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, que é estabilizar o barril na casa dos 70 dólares norte-americanos.

E os cortes assinados por Luanda, agora confirmados pela Sonangol, segundo a Reuters, e são, entre todos os observados, os que menos impacto devem ter na economia nacional, visto que os 78 mil bpd a menos serão facilmente absorvidos pelo aumento do preço por unidade.

É de lembrar que a OPEP já não tem a força que tinha nas décadas de 1970 e 1980, onde bastava uma ameaça do cartel liderado pela Arábia Saudita para que o barril explodisse nas tabelas de preços dos mercados internacionais, sendo, actualmente, responsável por menos de 40 por cento da produção mundial.

Mas foi a junção da Rússia ao acordo, com mais de 10 milhões de bpd, fazendo com que dos três gigantes mundiais, dois, com a Arábia Saudita, ficando de fora os EUA, estivessem por detrás desta concertação.

E é tanto assim que no mercado de futuros, onde os investidores apostam num preço para um prazo determinado, já há quem esteja a adquirir crude para ser vendido a 100 dólares, embora seja um movimento especulativo que a maioria dos analistas considera estar condenado ao fracasso, embora outros entendam que é aqui que muitos vão ficar milionários... se ainda não o são.

Seja como for, se o regresso dos três dígitos, de onde o barril saiu em 2014, e do pico de 147 USD em Julho de 2008, está longe de ser visível no horizonte, certo é que já está igualmente longe o momento de pânico gerado quando em Fevereiro de 2016 bateu na casa dos 20 USD.

O Brent londrino estava, na última actualização, a transaccionar o barril a 56,83 USD, menos 0,11 por cento que a anterior.