A morte do histórico líder dos socialistas portugueses foi confirmada pelo porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha, onde estava internado, nos cuidados intensivos, desde 13 de Dezembro.

Soares foi um dos 27 nomes que se juntou em Abril de 1973 em Bad Münstereifel, na Alemanha, onde foi fundado o Partido Socialista.

Foi uma das principais figuras que estiveram na linha da frente da luta contra o regime fascista de Salazar e Marcelo Caetano em Portugal.

Esteve preso 12 vezes por actividades contra o fascismo em Potugal e acabou deportado para São Tomé e Príncipe em 1968, tendo-se, posteriormente, exilado em França, de onde regressou a Portugal após a eclosão da Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974.

A seguir ao 25 de Abril, regressou a Lisboa três dias depois, no que ficou conhecido como o "comboio da Liberdade", sendo recebido em Lisboa por milhares de pessoas.

Entretanto, o primeiro-ministro português, António Costa, segundo a Lusa, anunciou que o Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira, pela morte do antigo Presidente da República Mário Soares e funeral com honras de Estado.

António Costa comunicou estas decisões do seu executivo na capital da Índia, em Nova Deli, onde realiza até quinta-feira uma visita de Estado.

O antigo Presidente da República Mário Soares morreu hoje aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde se encontrava internado desde o dia 13 de dezembro.

Entretanto, como esperado, surgem as reacções dos quatro cantos do mundo, as reacções à morte daquele que é considerado por muitos como "o pai da democracia portuguesa", como esta, do antigo Presidente Moçambicano, Joaquim Chissano, avançada pela Lusa:

Joaquim Chissano considerou que Mário Soares "esteve do mesmo lado [que Moçambique] no combate à ditadura" e que será recordado nas antigas colónias como "um amigo".

"Participou na luta contra a ditadura fascista portuguesa e por esse facto estivemos no mesmo lado no combate contra a ditadura", lembrou Chissano em declarações à RTP3, a partir de Moçambique.

Questionado sobre se os africanos lusófonos guardarão do Presidente da República português uma boa imagem, tendo em conta principalmente o seu papel nas independências, Chissano respondeu: "Boa imagem, sim, porque ele primeiro tentou satisfazer também a política portuguesa quando chefiou a delegação a Moçambique, mas uma vez convencido de que esse era o caminho [a independência de Moçambique], fez parte dos que queriam a libertação de forma imediata, portanto voltou a ser amigo".

Chissano disse depois que, durante as negociações, "estávamos a negociar com pessoas que outrora foram inimigas, mas ele nunca foi inimigo" e acrescentou: "Ele foi atacado em Portugal mas não por nós. Nós, nas colónias, temos muito respeito por ele".

Enaltecendo o "bem conhecido estadista", Chissano lembrou ainda o estabelecimento de relações com as antigas colónias portuguesas, "que levou mesmo aos inícios de criação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa".

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros, após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.