Nada de surpreendente: é o MPLA no seu melhor na gestão de expectativas, intrigas e "timing político", na pior acepção da palavra. São jogos demasiados "politiqueiros" como este que acabam por estragar a vida a todo o país e assim mais uma caminhada, que poderia iniciar bem direitinha, nascerá absolutamente torta.

Todos os que pretendem tentar convencer JES a recuar sabem que isso não acontecerá. Calculista e inteligente, como sempre demonstrou ser, JES não chegaria ao extremo de ter levado uma proposta ao seu Bureau Político, com ratificação no Comité Central, para depois dar o dito por não dito. Mesmo que o fizesse, deitaria por terra a imagem política que reconquistou com o anúncio da retirada voluntária ou correria o risco de acentuar a frustração dos seus eleitores tradicionais actualmente indecisos.

Portanto, quem se estica para ser visto a pedir que JES fique espera mais ser visto por quem entra do que pelo próprio JES, de saída. Usa, isso sim, esse temor de que haja um recuo para ganhar espaços e acomodação junto da nova liderança: um lugar nas listas, um cargo político, um compromisso em troca do silêncio, para que não se veja que a nova liderança afinal não é tão consensual como se propala.

Infelizmente, o MPLA está fechado sobre si, admirando a imagem do seu próprio umbigo no espelho e não percebe que é tempo de uma nova atitude, de novos paradigmas e estilos de fazer política, a começar por dar poder real e força aos novos líderes para não cederem à chantagem dos carreiristas.

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