Palavras e discursos preparados em passo de corrida onde depois de espremido o conteúdo ficamos com a impressão de que teria sido melhor ver uma novela brasileira dublada em espanhol latino, onde não se percebe bem o que estão a dizer mas as expressões faciais são engraçadas e a crispação com banda sonora nos deixa mais atentos e compenetrados.

Numa altura em que o cidadão está a contar os tostões para ver se chega ao final do mês com dinheiro suficiente para que os seus filhos possam começar a estudar, depois já de ter avançado dinheiro erradamente cobrado mas que não será devolvido, ainda tem de ouvir e ver histórias da carochinha, que mais parecem pura ficção. É tão interessante como meninos na escola a discutirem qual é o cuspe que vai mais longe, ou ainda quem tem o arroto mais sonoro.

As ideias que são necessárias para que os militantes, simpatizantes e amigos possam tomar as suas decisões quanto ao seu sentido de voto ainda estão por vir. Se calhar estão todos à espera que um avance com as suas ideias para poderem também ser devidamente "caçumbuladas". Enquanto isto não acontece, o melhor mesmo é irmos entretendo-nos com as mudanças de fileiras e de camisolas.

Pelo rolar da carruagem, que vai lenta e turbulenta, quando chegarmos ao período das eleições, poderá haver partidos sem militantes e como resultado da inexistência de militantes teremos menos partidos. Assim poderíamos poupar dinheiro em cadernos eleitorais pois os partidos existentes poderão vir a caber numa única página.

Com tantas mudanças e propaganda de abandono não me admiraria que houvesse mudanças até ao dia do voto particularmente quando os jovens forem aliciados com maratonas musicais regadas com sumo de cevada a preço da chuva. Estes, não estão certamente à procura do melhor partido mas sim de tirar partido da situação.

Também não seria de espantar ver militantes trajados com as cores de um partido mas a fazerem propaganda de outro. Tudo em nome do pluralismo democrático camuflado pela necessidade de sobreviver e tirar alguns dividendos, mesmo que estes dividendos sejam apenas um camisa de propaganda ou uma promessa de chuva.

Ainda vamos a tempo de disputar, para além dos militantes e simpatizantes, a ingressão de animais domésticos nas fileiras partidárias. Com tanto gato na rua a precisar de uma casa quiçá a resposta esteja mesmo à frente dos nossos olhos. Imaginem agora o que aconteceria se o galo mudasse de partido e com isso mudasse também o seu cantar. E se a estrela amarela decidisse abandonar o rubro-negro e justar-se à uma constelação de estrelas brancas?

Na falta de ideias e na recusa de militantes migrarem de um lado para o outro proponho a angariação de militantes de países com as quais temos algumas afinidades, começando pelos países vizinhos e depois por países em outros continentes. Mas, por favor, não da "Trumpolândia" pois as novidades incluem a nomeação de familiares e fofocas quentes. Além disso, "caçumbular" naquelas bandas, pode dar direito a processo no tribunal.