Quando a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) assinou um acordo, com a Rússia, para redução da produção, a aplicar em 2017, em 1,8 milhões de barris por dia, o preço da matéria-prima subiu significativamente da casa dos 40 para os 55 dólares norte-americanos e, agora, as coisas podem ainda correr melhor porque a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê um aumento global da procura.

Neste momento, tal como a OPEP ainda não pode avançar dados globais da diminuição da produção dos países-membros, a AIE também não tem dados conclusivos, embora alguns países já tenham quantificado a sua participação no esforço conjunto para fazer subir o preço do barril, como é o caso de Angola, que já meteu em marcha o travão à produção de cerca 80 mil barris por dia (bpd).

No relatório deste mês, divulgado hoje, a AIE revê em alta a procura mundial de petróleo, apontando como base para esta revisão a procura crescente registada nos últimos meses de 2016, mas há um dado que ressalta das conta da agência: a procura global é colocada nos 97,3 milhões bpd, mais 300 mil que a anterior previsão, e a redução da OPEP, que ainda não está a ser aplicada integralmente, é de 1,8 milhões, o que significa que, em breve, a oferta poderá ficar muito aquém da procura, que a AIE coloca em quase 98 milhões bpd.

A principal ameaça, contudo, permanece a mesma: a produção a partir do xisto nos EUA, no denominado "fracking", que consiste na injecção de água a grande profundida para destruir a rocha e libertar o gás e o petróleo que esta contém, estimando a AIE que esta indústria não-convencional possa acrescentar à volta de 180 mil bpd à actual produção.

Isto, porque se em 2016 milhares de pequenas empresas faliram ou encerraram porque o baixo preço do barril, que chegou ao 24 USD em Fevereiro de 2016, estava longe de compensar o investimento, mas as expectativas de subida e os actuais 55 USD por barril, voltaram a acender a chama do lucro entre os produtores do "fracking" norte-americanos.

Os especialistas sublinham que o sucesso do acordo da OPEP e depois desta organização com outros produtores, como a gigante Rússia, o 3º maior produtor mundial, com mais de 10,4 milhões bpd - a Arábia Saudita, com cerca de 11 milhões e os EUA um pouco abaixo disto encimam esta tabela -, pode estar dependente da evolução da indústria do xisto e da percepção que estas empresas tiverem da evolução do mercado.

Para Angola, a perspectiva que a AIE tem para a evolução do mercado de procura e de oferta de crude é uma boa notícia, embora os actuais 55 USD/barril ainda estejam relativamente longe daquilo que o ministro dos Petróleo, Botelho de Vasconcelos apontou como o preço ideal, que é a rondar os 70 USD.

Todavia, é já significativamente superior aos 46 dólares por barril estimados no Orçamento Geral do Estado para 2017.