Mandam bué, mas sempre com a bunda abancada numa poltrona, de pernas cruzadas, a mandar um pobre coitado que labuta sol a sol e muitas vezes mal pago, sem condições e desrespeitado vezes sem conta!
Há dias perguntaram-nos se queríamos ser chefes, nós dissemos NÃO! Surpreendendo o avilo que não estava habituado à negação de uma proposta para um cargo de chefia, na terra em que muitos sofrem do mal das chefias!
Após recuperar-se do baque, ele procurou saber por que razão negámos. Respondemos que o nosso objectivo não era esse, era tão simplesmente cumprir bem as nossas tarefas, de acordo com os objectivos do salo, com as condições apropriadas para tal, sermos justamente recompensados por isso, indo ao encontro das nossas despesas mensais, cada vez mais gigantes. Ainda assim o muadiê, não convencido, voltou à carga: "então, se vocês querem ser bem pagos, deviam ser chefes, porque o salário e as regalias são maiores e melhores!"
Com sorriso de irritar jacaré fobado, respondemos que nem sempre os cargos solucionam, muito pelo contrário, vezes há que um cargo só serve para nos criar avarias e atrofiar a vida, com makas que muitas vezes não sabemos a origem, nem tão-pouco a solução. E também nem sempre as condições necessárias e adequadas para o desempenho das tarefas se encontram disponíveis ou sequer há uma boa equipa para tal ou possibilidades de se constituir uma equipa competente e de confiança, o tal time de sonho!
Sem esquecer que, com a nomeação, temos o nosso tempo mais reduzido para vida pessoal, para os assuntos familiares, fazendo com que estejamos bué de tempo fora de casa, a bumbar, sem fim-de-semana ou feriado, tudo por causa da "tala" chefia com um salário um coche mais caenxe, correndo bué de riscos. Será que compensa?
(Pode ler a crónica integral "Mambos da Nguimbi" na edição nº 469 do Novo Jornal, nas bancas, ou em versão digital, que pode pagar via Multicaixa)