Este foi o título que dei ao artigo que, depois de desfeito o tabu que pairava e atormentava o imaginário dos mais cépticos, publiquei na quinta-feira da semana passada na edição online do Expresso Diário.

O próximo ex-Presidente da República, desta vez, acabou por ser coerente consigo próprio. A vassalagem indígena, em pânico, também. E, de terço na mão, pôs-se a rezar e a suplicar pela sua eternização no poleiro.

Porquê? Porque receia, agora, vir a deixar de receber "a sopa do convento". Porque para essa pobre clientela, vê-lo partir equivale a perder a família.

O desgaste de imagem, a saturação governativa e a saúde, desta vez, não permitiram ao maestro compor a última música. E, agora, sem outra saída, para ficar em paz consigo próprio e com a sua própria congregação, vai mesmo ter que "largar o osso" e começar a fazer a curva mais apertada da sua vida...

Feitos os trabalhos de casa e decorados os versículos, a tiracolo do Chefe da Igreja, João Lourenço vê agora, finalmente, franqueadas as portas para, como se presume, a partir de Setembro, começar a exorcizar um Convento cujas paredes, para o bem ou para o mal, precisam de ser exorcizadas!

Sem exorcismo, esperava-se, no entanto, que o anúncio público da sua candidatura ao mais alto magistrado da República fosse amparado com outro entusiasmo.

A verdade, porém, é que, melancólico, o Culto esteve longe de provocar qualquer reacção efusiva entre as caras funerárias dos fiéis, que no templo, atormentados pela frieza do seu Sumo Pontífice, permaneceram mergulhados num silêncio coberto de neve.

Para saudar a chegada, 41 anos depois da Independência de um provável terceiro Presidente de Angola extraído da mesma família partidária, vontade de bater palmas não lhes faltou, mas logo temeram estragar a homilia.

Do discurso seco do seu tutor de há 38 anos, sopravam ventos litúrgicos que faziam lembrar o ar glaciar da arqueológica liderança do antigo e robótico Partido Comunista Soviético...

Ao estender, a frente do MPLA, até 2018, os "nó górdios" do seu velho e decadente estilo de governação, o Chefe do Coral continuará a dirigir o jogo de sombras no período de transição.

O verdadeiro João Lourenço, neste aperto de curvas e contracurvas, só deverá, por isso, vir a ser conhecido a partir de 2019 mas os cidadãos não pretendem vê-lo na pele de Egas Moniz...

(Pode ler a crónica integral "Palavra de Honra" na edição nº 469 do Novo Jornal, nas bancas, ou em versão digital, que pode pagar via Multicaixa)