Em causa estão informações prestadas pela metade por Flynn sobre o seu relacionamento com a Rússia de Vladimir Putin, nomeadamente no que constou de uma conversa do agora demissionário Conselheiro para a Segurança Nacional mantida antes da tomada de posse de Donald Trump, em Dezembro, com o embaixador russo em Washington,Sergei Kislyak, sobre a eventual anulação das sanções que pendem sobre o diplomata russo.

Flynn terá, segundo revelaram os jornais e tv"s norte-americanos, discutido com o embaixador russo as sanções impostas pelos EUA, ainda pela Administração Obama, quando Donald Trump ainda não tinha sequer tomado posse, tendo omitido parte importante dessa mesma conversa no momento em que a transmitiu à nova Administração, que iria integrar num dos seus ramos mais importantes, o da Segurança Nacional.

Esta baixa na equipa de Trump, quando passaram apenas três semanas após assumir o poder, foi divulgada pelo Washington Post que publicou a informação de que o Departamento de Justiça já tinha alertado para o conteúdo comprometedor dos contactos entre Flynn e o diplomata russo em Dezembro.

O problema das conversas, divulgadas há cerca de uma semana e meia, cujo teor não foi divulgado, é que este contém elementos que fragilizam Flynn, podendo mesmo estar numa posição de ser chantageado por Moscovo. Foi agora demitido, mas a sua cabeça já estava a ser exigida pelos democratas há vários dias.

Flynn justificou a sua demissão numa carta onde diz, em tom de lamento, que "inadvertidamente passou ao vice-presidente eleito informações incompletas sobre os telefonemas com o embaixador russo" numa altura em que estava legalmente impedido de o fazer, porque, na ocasião, era apenas um cidadão nomeado para uma administração que ainda não estava em funções.

Para maximizar o impacto desta contrariedade para a Administração Trump, o seu vice, Mike Pence, tinha saído a terreiro para dar a cara pelo Conselheiro Flynn porque o próprio tinha garantido publicamente que o teor das conversas com o diplomata russo não tinham abordado a questão das sanções.

Para os analistas da política norte-americana, a grande questão que agora Donald Trump tem pela frente é minimizar o impacto de uma demissão menos de um mês depois de ter tomado posse e logo numa área considerada estratégica, como é o Conselho de Segurança Nacional, envolvendo um general prestigiado com ligações quentes a Moscovo e num ambiente em que a solidez do Presidente face ao Kremlin é posta em causa a partir de vários quadrantes da sociedade norte-americana.