No entanto, este investimento tem como pano de fundo a perspectiva de que em breve a Arábia Saudita vai estar, se o crescimento do consumo se mantiver a este ritmo, a consumir 300 000 bpd, o que representa, para além do dinheiro que deixa de entrar nos cofres, uma forma de diminuir o ritmo a que as reservas existentes se esgotam.

As contas que o Governo saudita fez são simples: a soma dos 300 000 bpd vendidos no mercado justificam o investimento a longo prazo e garantem mais alguns anos às suas reservas de petróleo para exportar, sendo que este representa a quase totalidade das suas exportações.

A consultora Wood MacKenzie divulgou dados, citados pela Bloomberg, onde comprova que o potencial de produção de energia alternativa do país facilmente atinge o equivalente aos 80 000 bpd e pode facilmente quadruplicar este número, atingindo igualmente com facilidade o equivalente à energia produzida com a queima de petróleo durante os meses de Inverno.

Esta aposta clara nas energias renováveis, especialmente a solar e eólica, tem ainda outra justificação, que é a decisão da família real saudita em industrializar o país depois de, tal como aconteceu com outros países produtores de petróleo, incluindo Angola, mas com maior enfoque a Venezuela e a Nigéria, se confrontarem com a violenta crise económica gerada pela baixa abrupta do preço do crude nos mercados internacionais.

E, perante isto, rapidamente concluíram que mais indústria significa maior necessidade de energia eléctrica e isso é sinónimo de mais queima de petróleo para suprimir essa crescente necessidade.

A resposta não foi aumentar a produção através da queima de petróleo ou gás natural mas sim estabelecer um plano, que pode chegar aos 50 mil milhões de dólares norte-americanos, de implantar unidades de produção usando o vento e o sol, visto que o país não dispõe de cursos de água para erguer hidroeléctricas.

Até porque, ainda citado pela Bloomberg, Mario Maratheftis, economista-chefe da Standard Chartered Plc, defende que as energias renováveis "já não são um luxo" mas sim uma necessidade, porque "se o consumo doméstico saudita continuar a este ritmo, deixarão de ter petróleo para exportar" porque o vão consumir todo rapidamente com as necessidades internas e as suas reservas evaporar-se-ão num ápice.

E já há contas feitas: melhorar a eficiência energética no país em 4 por cento vai permitir, em 2030, poupar mais de um milhão de bpd, o que, a preços de hoje representa cerca de 46 milhões de dólares diariamente.