Mas já lhe fizeram saber que a Constituição norte-americana não permite receber ofertas de governos estrangeiros e pode estar aberta uma nova frente de batalha contra o polémico inquilino da Casa Branca.
A China esteve no centro da estratégia eleitoral de Donald Trump, acusada por este de estar a ganhar muito com os EUA e a dar pouco ou nada em troca, continuando o tom "bélico" depois da sua tomada de posse como a sua "imagem de marca", mas uma questão de marcas pode ser um sinal de amenização dos ânimos entre as duas maiores potências económicas do mundo. E também uma nova frente de batalha para os seus "inimigos".
E as coisas estiveram mesmo a ponto de escaldar quando Donald Trump, logo após 20 de Janeiro, quando tomou posse, admitiu tocar na "vaca sagrada" da diplomacia chinesa, a questão da política de "uma só China", que envolve a vontade independentista de Taiwan e contra a qual Pequim admite recorrer às armas, como estratégia para levar Pequim a ceder naquilo que o Presidente norte-americano apelidava de relações comerciais desequilibradas a favor da China.
Trump, entretanto, recuou ao afirmar que os EUA vão continuar a respeitar a política de "uma só China", admitindo que Taiwan é território da República Popular da China e Pequim, sem que tenha sido oficialmente estabelecida uma relação de causa-efeito, veio agora conceder ao Presidente norte-americano o direito ao uso comercial do seu nome como marca comercial no país.
Com esta decisão, Donald Trump, detentor de um império imobiliário onde amiúde o seu nome aparece impresso em letras garrafais, como a torre Trump, em Nova Iorque, tem agora 10 anos para que a "marca Trump" seja utilizada na China, conforme informação da página electrónica chinesa para a Administração de Marcas.
Este episódio tem o interesse acrescido de se tratar do nome do Presidente dos EUA, porque, de resto, Trump já é detentor de quase 80 marcas registadas na China, querendo ainda mais 50, cujos processos estão pendentes de uma decisão do Governo de Pequim.
Para já, os analistas admitem uma nova frente de combate dos críticos de Donald Trump, porque, apesar de já terem começado rumores de que os países estrangeiros podem ter aqui uma forma de pressionar o homem "mais poderoso" do mundo, a grande questão é saber se estes gestos podem ser enquadrados na legislação norte-americana, a própria Constituição, que impede o inquilino da Casa Branca, enquanto funcionário público, de receber presentes valiosos de governos estrangeiros sem autorização do Congresso para tal.
Este enquadramento é possível porque o pedido de reconhecimento da marca Trump estava pendente há mais de 10 anos e, curiosamente, já tinha sido registado por um cidadão chinês, que perdeu agora o caso para o Presidente americano por decisão de um tribunal chinês, cuja natureza está sob controlo político do Governo do Partido Comunista Chinês.
A primeira voz a surgir para acusar Trump de estar a receber um presente foi a de Richard Painter, chefe da Casa Branca para questões de ética durante o mandato de George W. Bush, citado pela Associated Press.
Por sua vez, a equipa de Trump veio lembrar que este entregou a gestão dos seus negócios aos filhos, de forma a afastar-se dos seus negócios e do seu portefólio de marcas registadas.