O alerta foi lançado pelo procurador Vladimir Aras em declarações à AFP, que destaca também a sua convicção de que a dimensão internacional deste escândalo "vai crescer enormemente" impulsionado pela abrangência da corrupção que servia para abrir caminho aos grandes grupos brasileiros, nomeadamente do ramo da construção civil, para os lucrativos mercados africano e americano com economias "turbo" à conta do boom petrolífero, tendo a Petrobras por detrás.

Vladimir Aras notou, no entanto, que a sua convicção do forte crescimento além-fronteiras que espera na dimensão do esquema "Lava jato" está alicerçada na ideia de que o sistema judicial brasileiro vai "poder contar com a independência dos ministérios públicos, como o brasileiro, por exemplo".

"Os inquéritos, nos diferentes países, devem avançar e mostrar claramente os esquemas de corrupção paralelos às práticas das empresas construtoras brasileiras", apontou Aras, sem especificar os países a que se refere, embora se saiba que Angola é um dos países visados, porque é conhecida a presença da Odebrecht em alguns dos maiores projectos no país e também porque o próprio banco brasileiro de apoio ao desenvolvimento (BNDES) cortou financiamentos dirigidos a Angola por causa das extensões e consequências do "Lava Jato".

Mas Vladimir Aras não se esconde muito quando se refere a estas implicações e, quando questionado sobre até onde pensa que irá o crescimento desta processo no mundo, sublinhou que nos países africanos e sul-americanos onde existem ramificações, ficará claro "o envolvimento de altos responsáveis" porque grande parte dos contratos em causa tinham obrigatoriamente que passar por negociações de alto nível.