O vídeo que levou a esta reacção ríspida de franceses e norte-americanos foi divulgado através das redes sociais nas últimas horas.

Nas imagens são visíveis soldados de uniforme a executarem a tiro cerca de duas dezenas de civis, incluindo mulheres, alegadamente apoiantes do líder tradicional Kamwina Nsapu, morto pela tropa congolesa em 2016.

A violência do vídeo é de tal ordem que os referidos soldados são vistos a terminar com a vida de um grupo de pessoas que, depois de baleadas, estavam já no chão, imobilizadas.

Tanto a diplomacia francesa como norte-americana pedem que as autoridades da República Democrática do Congo (RDC) iniciem de imediato uma investigação ao conteúdo do vídeo e que os responsáveis sejam levados à justiça o mais rápido possível.

A esta exigência, o porta-voz do Governo de Joseph Kabila, em Kinshasa, Lambert Mende, questionado pelos jornalistas, afirmou que a responsabilidade de provar a veracidade das imagens é dos que acusam.

Entretanto, antes desta declaração, o Governo de Kinshasa já tinha afirmado que o vídeo é uma montagem, ao mesmo tempo que admitia a possibilidade de militares das Forças Armadas da RDC (FARDC) terem, efectivamente, participado nestas execuções sumárias e totalmente à margem da lei.

A rebelião que decorre no Kasai Central é protagonizada por seguidores do líder tradicional Kamwina Nsapu, morto pelas FARDC em Julho de 2016, que contestam a autoridade do Governo central sobre a província e apresentam exigências independentistas.

Uma das suas mais violentas acções de guerrilha foi perpetrada em Kananga, capital do Kasai Central, onde, em finais de 2016, destruíram dezenas de edifícios públicos e tomaram de assalto o aeroporto da cidade, que acabou por ser reconquistado pelas Forças Armadas depois de várias horas de intenso tiroteio, do qual resultaram dezenas de mortos.