Através de uma nota de imprensa hoje divulgada, o Ministério das Relações Exteriores (MIREX) reage à acusação de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, em curso na justiça portuguesa contra o número dois do Estado angolano.

Sem entrar em apreciações de foro judicial, a mensagem do MIREX centra-se no tratamento noticioso feito pelos media portugueses, recebido "com bastante preocupação".

Aliás, de acordo com o comunicado,foi "através dos órgãos de comunicação social portugueses" que as autoridades angolanas tomaram conhecimento da acusação do Ministério Público de Portugal "por supostos factos criminais imputados ao senhor engenheiro Manuel Vicente".

Para o Executivo, o modo como foi veiculada a notícia constitui um "sério ataque à República de Angola, susceptível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados".

A nota do MIREX fala mesmo num aproveitamento da situação "por forças interessadas em perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados".

Por outro lado, o Governo questiona o timing das revelações, numa altura em que se prepara a visita do primeiro-ministro português a Angola.

"Não deixa de ser evidente que, sempre que estas relações estabilizam e alcançam novos patamares, se criem pseudo factos prejudiciais aos verdadeiros interesses dos dois países, atingindo a soberania de Angola ou altas entidades do país por calúnia ou difamação", lê-se na mensagem.

O comunicado sublinha que relações bilaterais deveriam concentrar-se "nas relações mutuamente vantajosas, criando sinergias e premissas para o aprofundamento da cooperação económica, cultural, política, diplomática e social, como meio de satisfação dos interesses fundamentais dos seus povos".