Há quase meio século que um monarca saudita não se deslocava à Indonésia, juntando nesta visita ao mais populoso país muçulmano do mundo o maior produtor mundial de petróleo, também ele islâmico, mas, apesar da magnitude dos poderes envolvidos, o conteúdo da bagagem do rei Salman bin Abdelaziz Al Saud não deixa de ser impressionante.

Os media internacionais fizeram parcialmente a lista do conteúdo da bagagem do monarca e dela sobressai, para além das escadas para descer do avião, limusinas luxuosas de marca Mercedes-Benz, modelo S600, dois elevadores eléctricos e um infindável role de artigos de luxo para a sua acomodação durante a estadia na Indonésia.

Sobre os elevadores há um registo que permite adivinhar para que irão servir, visto que há dois anos, em 2015, na Riviera francesa, o monarca saudita instalou um enorme elevador para ter acesso directo à praia, que, por sua causa, esteve interdita ao público durante três dias, estando apenas acessível às centenas de integrantes da sua comitiva.

Mas o rei da Arábia Saudita não vai ao país mais populoso do mundo islâmico, com 250 milhões de habitantes, para mostrar a sua imensa riqueza e poder, vai em missão com um objectivo claro: fazer diplomacia económica.

Isto, porque o maior produtor de petróleo do mundo, com mais de 11 milhões de barris por dia, está longe de respirar saúde financeira nos tempos que correm, depois de ter sido fustigado, como aconteceu com quase todos os países produtores de crude, pela crise gerada pela queda do preço do barril, que, recorde-se, ainda em 2013 estava acima dos 100 dólares e no início de 2016 bateu na casa dos 20 USD.

Para garantir o êxito desta missão real, Salman bin Abdelaziz Al Saud faz-se acompanhar de mais de mil pessoas, ficando já na história como uma das mais numerosas e mais "pesadas" da história do país e, provavelmente, do mundo, o que não deixará de impressionar o Presidente indonésio Joko Widodo.

O monarca saudita chega à Indonésia depois de ter iniciado um périplo asiático de quase um mês na Malásia, que seguira, depois de umas curtas férias em Bali, ilha turística também na Indonésia, para o Japão e a China.

A saúde e a educação são áreas de cooperação já com alguma tradição entre os dois países, que deverão agora ser reforçados através de diversos protocolos e acordos, mas a grande questão que o rei saudita leva na pasta é o desafio para que a Indonésia participe nos investimentos necessários para a diversificação da economia do reino arábico, até aqui, e ainda, totalmente dependente dos petrodólares.