Assim que os EUA admitiram que, em conjunto com as forças de defesa sul-coreanas, deram início às primeiras etapas da instalação, na Coreia do Sul, do sistema antimíssil de grande mobilidade no terreno (na foto), formado essencialmente por unidades de lançamento móveis, THAAD (Terminal de Defesa Aérea de Alta Altitude), Pequim reagiu de imediato afirmando a sua "oposição firme" a mais este passo para o reforço da capacidade militar dos sul-coreanos.

Para além, recorde-se, de os dois países que dividem a península coreana a partir do famoso Paralelo 38, estarem ainda oficialmente em guerra desde 1953, quando se calaram as armas no conflito que o Norte e o Sul travaram durante três anos, com os EUA a apoiarem a Coreia do Sul e a China a suportar a Coreia do Norte, os constantes ensaios de mísseis balísticos do Norte e as permanentes ameaças ao Japão e aos vizinhos do Sul, há ainda a juntar a este puzzle bélico o recente assassinato, na Malásia, do meio-irmão do Presidente norte-coreano a acrescentar lenha para a fogueira.

E é neste cenário perigoso que os EUA aparecem a anunciar a instalação do THAAD, que a China encara como uma ameaça à sua segurança, traduzindo essa inquietação por palavras duras: "Opomo-nos firmemente à sua implantação. A China tomará resolutamente as medidas necessárias para defender os seus interesses de segurança", avisou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.

Este responsável foi mais longe e deixou claro que os EUA e a Coreia do Sul vão ter de "suportar todas as consequências" deste passo para o qual Pequim já tinha advertido que seria encarado como uma ameaça directa à sua segurança.

No entanto, a China, apesar de ser o maior aliado do regime ditatorial da Coreia do Norte, condenou recentemente o lançamento de três mísseis balísticos com capacidade de transportar ogivas nucleares, por Pyongyang, para o mar que pertence à zona económica do Japão, constituindo isto uma nova etapa na escalada bélica na região e que é o principal argumento dos EUA para a instalação do THAAD na Coreia do Sul.

Na última semana, por causa dos testes balísticos norte-coreanos, os EUA, o Japão e a Coreia do Sul criaram um grupo de coordenação e reacção às atitudes que consideram agressivas por parte de Pyongyang.

Os analistas da política internacional admitem que este é um dos momentos mais complexos da frágil paz na região, temendo-se que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, possa estar decidido em avançar mesmo para um ataque à Coreia do Sul por pensar ser essa a única forma de lidar preventivamente com intenções semelhantes a partir do Sul.