António Guterres não tem dúvidas de que é possível evitar uma tragédia de grandes dimensões, mas advertiu em Mogadíscio, após um encontro com o Presidente somali, Mohamed Abdullahi, que isso só acontecerá se a comunidade internacional reagir rapidamente e de forma satisfatória.

A Somália encontra-se desde Fevereiro em situação de calamidade, decretada pelo Governo, avançando as organizações não-governamentais internacionais e as agências das Nações Unidas que, só nos últimos dias, morreram mais de uma centena de pessoas à fome e milhares poderão falecer em breve se nada for feito.

Um dos dados mais tenebrosos no balanço que a OMS faz da situação em curso na Somália, é que cerca de metade dos seus quase 11 milhões de habitantes, tem necessidade alimentar urgente.

Um dos factores que podem condicionar a ajuda externa, nomeadamente a distribuição alimentar, é que o Governo não tem presença na esmagadora maior parte do território, estando as suas parcas forças de segurança acantonadas quase apenas em Mogadíscio e constantemente acossadas por grupos rebeldes e terroristas, alguns com ligações jihadistas.

Por causa de fenómenos meteorológicos ligadas às correntes marítimas, como o El nino e La nina, vastas áreas do continente africano, como a África Oriental actualmente, atravessam períodos prolongados de seca cíclicos, estando agora esta zona de África a ser a mais afectada, depois de a África Austral tem vivido, e ainda perdura, um dos mais fustigantes períodos de seca em décadas.

A OMS calcula que quase 25 milhões de pessoas estão em situação de carência alimentar grave.

A Somália e o Sudão do Sul são dos casos mais graves, muito por causa das crises político-militares que vivem estes dois países.