Esta posição da Economist Intelligence Unit (EIU) surge depois de o ministro dos Petróleo, Botelho de Vasconcelos, ter assinado um despacho para contratar uma consultora com o objectivo de estudar a "viabilidade de processamento de petróleo bruto angolano numa refinaria fora do país".

Subjacente a este cenário está o facto de a única refinaria do país, construída na década de 1950, estar longe de apresentar capacidade de refinação para as exigências de consumo, apenas cerca de 20 por cento das necessidades e a funcionar, por razões técnicas, 30 por cento abaixo da sua capacidade original, e ainda a situação de "stand by" em que se encontram os projectos de construção de novas unidades de refinação.

Os analistas da EIU concluíram que a solução de importação directa pode ser "mais salutar" para Angola, embora admitam a "necessidade clara" que o país apresenta de "reduzir a sua dependência de produtos petrolíferos importados".

Todavia, adiantam, "mandar o crude para o estrangeiro para ser refinado pode ser dispendioso e, apesar de dar ao país alguma garantia de segurança, cingir-se aos preços das importações, pode ser uma estratégia economicamente mais salutar".

Apontando como base para a sua reflexão o despacho do ministro dos Petróleos angolano, não deixando de admitir que "todas as possibilidades devem ser levadas em conta", porque os gastos com produtos refinados importados, cerca de 170 milhões de dólares mensais, são muito elevados.

Mas podem, sublinha a EIU, ser, globalmente analisados todos os aspectos, mais razoáveis que a construção de refinarias ou o envio de cargas para refinação externa, porque pode representar, no longo prazo, encargos superiores à actual solução.

Recorde-se que a construção de uma refinaria no Namibe por parte das russas Rail Standard Service e Fortland Consulting Company, está actualmente em cima da mesa, com um possível investimento na ordem dos 12 mil milhões de dólares, que, a ser concretizado, poderá, no futuro, aliviar o gasto actual das escassas divisas que o país tem que, como referido, atingem mensalmente, nesta área, os 170 milhões USD/mês.

Estas dificuldades de alimentação do mercado nacional de produtos petrolíferos refinados não podem deixar de ser analisadas olhando para o contexto em que ocorrem, sendo um desses elementos o facto de Angola ser actualmente o maior produtor de petróleo no continente africano.