Elaborado para ser divulgado no Dia Mundial da Água, o documento da Organização das Nações Unidas para a Educação e Infância sublinha que os principais efeitos da falta de água vão incidir sobre aqueles que já enfrentam severas condições de vida, que são os mais pobres.

Actualmente, ainda segundo o relatório da UNICEF, há 36 países em todo o mundo que enfrentam actualmente condições de extrema dificuldade devido à falta de água, sendo a situação ainda mais dramática quando se aborda o assunto pelo lado do acesso a água potável.

Como pano de fundo para este cenário, ao qual não escapa, em grande medida, a África Austral, sub-região onde se situa Angola, que, por causa do fenómeno do El Nino, atravessa, nos últimos anos, uma seca severa, estão as alterações climáticas, com o aumento acelerado das temperaturas, o aumento do nível do mar e o degelo nos polos...

E os 600 milhões de crianças a que a UNICEF se refere neste documento são as principais vítimas, com o ano de 2040 a servir de horizonte para que o mundo resolva agir, embora o acordo global assinado em Paris para combater as alterações climáticas, tenha sido um passo importante nesta batalha.

Isso mesmo refere o director-executivo da UNICEF, Anthony Lake, que faz notar que se não acontecer nada de significativo para minimizar o impacto das alterações climáticas, a crise que já se vive "vai crescer", embora estas, as mudança no clima, não sejam a única razão para a tragédia em que vivem as crianças dos países mais pobres, como a questão dos conflitos.

A má qualidade da água e a sua escassez são ainda responsáveis por uma parte significativa das doenças que afectam estas crianças, como a diarreia ou a cólera, pelo impedimento de frequentarem a escola porque são impelidas pelas famílias a ajudarem na busca por água diariamente, especialmente as raparigas e as suas mães.

A defecação a céu aberto um problema que ganha exponencialidade devido à falta de água, porque é um hábito para, segundo o relatório da UNICEF, 946 milhões de pessoas, tornando o saneamento em zonas com falta de água um drama difícil de entender, embora se saiba que este cenário multiplica os surtos epidémicos de doenças mortais...

A Unicef exige aos governos que consigam fazer chegar água potável às crianças que mais dela precisam e que tomem em consideração os riscos climáticos nas medidas sobre água e saneamento, investindo nas pessoas mais vulneráveis.

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