Nesta avaliação da Fitch, consultada hoje pela Lusa, é enfatizado o caso do BPC, o maior banco de Angola, detido pelo Estado, em processo de reestruturação desde 2016 e com um volume de crédito malparado que, segundo dados anteriores noticiados pela Lusa, será superior a 1.000 milhões de euros.
"Os bancos estatais estão em fase de reestruturação e enfrentam maiores desafios sobre o capital, a liquidez em moeda estrangeira e a qualidade dos activos", lê-se na avaliação da agência norte-americana de notação, numa altura em que o Governo está a recapitalizar também o Banco de Comércio e Indústria (BCI) e o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA).
Um "ambiente operacional fraco pesa no desempenho de todos os bancos angolanos", afectados ainda pela "lenta procura do crédito", afirma a agência.
Citando o Banco Nacional de Angola, a Fitch refere mesmo que os empréstimos com imparidade no BPC "podem ser mais do que o dobro da média do sector, atingindo 30% do total de empréstimos".
A Lusa noticiou a 8 de Fevereiro que o Governo vai realizar um aumento de capital no BPC de pelo menos 380 milhões de euros.
De acordo com um decreto presidencial, o Presidente José Eduardo dos Santos autoriza a emissão especial de Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional a favor do BPC, "de maneira a possibilitar que o mesmo cumpra na plenitude a missão para o qual foi criado".
"O banco vive um momento muito particular da sua história. Queremos sanear e reestruturar o BPC. Vamos fazê-lo para que o banco sirva convenientemente o Estado, seu único accionista", disse em Outubro passado o ministro das Finanças, Archer Mangueira.
Na mesma altura foi empossada uma nova administração no banco estatal, que passou a ser liderado por Cristina Florência Dias Van-Dúnem, que até Maio foi vice-governadora do Banco Nacional de Angola, sendo agora presidente do conselho de administração e administradora não executiva da instituição.