Numa nota emitida na sexta-feira, a secretária permanente do Ministério da Indústria e do Comércio do Zimbabué, Abigail Shoniwa, esclarece que esta medida foi decidida depois de se conhecer com algum detalhe a natureza do problema que envolve as "exportações de carne estragada e sem a qualidade mínima exigida da carne ou dos seus subprodutos".

A suspensão das importações foi imediatamente aplicada após a divulgação da nota e a responsável pelo Ministério da Indústria e Comércio explicou que qualquer alteração a esta medida do Governo de Harare está dependente do desenvolvimento das investigações a decorrer no Brasil, no âmbito da operação "Carne Fraca".

Esta medida foi tomada igualmente depois de a África do Sul ter feito parcialmente o mesmo, suspendendo alguns tipos de carne e seus subprodutos, sendo, para já, os únicos países africanos a banir integral ou parcialmente a carne brasileira. Outros, como a China, a Coreia do Sul ou o Chile, entre vários, já começaram a retirar as directivas que suspenderam as importações.

No entanto, quanto às razões de fundo para estas medidas aplicadas às importações de carne brasileira, segundo a imprensa zimbabueana e sul-africana, podem ter a ver com o impacto da carne importada nas indústrias transformadoras e sobre os criadores locais, que não conseguem competir com os preços praticados pela indústria de carnes brasileira, muito deles a atravessar situações financeiras complicadas.

O Brasil é o maior exportador de carnes do mundo, tendo uma indústria gigantesca ao serviço dos mercados externos, conseguindo esmagar os preços ao consumidor, mesmo a muitos milhares de quilómetros de distância, como é o caso dos países africanos em questão.

No caso de Angola, apesar de as autoridades terem enviado equipas de fiscalização para o terreno de forma a averiguar se alguma da carne deteriorada entrou no país, não condicionou ou proibiu a importação de carnes brasileiras.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Angola está entre os grandes importadores de carnes brasileiras, nomeadamente de porco, tendo, em 2015, sido um dos cinco principais destinos.

O país está igualmente bem posicionado na lista dos importadores de carne de bovino, embora fora dos 10 primeiros, e de aves.