Os ferimentos resultaram de quatro tiros à queima-roupa disparados no último Sábado, quando o agente da PN interpelou o taxista e o cobrador, que estavam parados a carregar passageiros, sem nenhuma razão aparente, como contaram ao Novo Jornal online colegas do taxista e do cobrador, que está hospitalizado.

O agente da polícia pertence ao Comando de Divisão do Rangel e, ainda segundo os colegas do cobrador ferido, "parecia que estava louco" aos gritos dizendo: "Hoje vou matar, hoje vou matar...".

Os quatro tiros atingiram o cobrador Paulo Mayares, dois no braço e um na perna, enquanto o passageiro foi atingido no ombro.

De acordo com o inspector-chefe Mateus Rodrigues, porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Policia Nacional, (na foto) o agente em causa encontra-se detido, e vai ser presente ainda hoje ao Ministério Público.

"O agente vai responder por dois processos, um criminal e outro disciplinar, os processos vão seguir os seus tramites e se for comprovado a sua culpabilidade, pelo processo disciplinar o agente será expulso, se for pelo criminal vai ser condenado em tribunal", explicou o porta-voz da PN.

O condutor da viatura, Francisco Salvador, contou ainda ao Novo Jornal como aconteceram as coisas: "Saímos de Viana com o propósito de carregar passageiros no triângulo do mercado Congoleses e, assim que estacionei a viatura, apareceu um agente a dizer hoje eu vou matar...".

Pouco depois, adianta ainda o taxista, , desceu do carro e dirigiu-se ao agente perguntando-lhe o que se estava a passar e ele respondeu que recebeu ordens do seu comandante de que a viatura não podia sair do local em que se encontrava.

"No momento em que tentei arrancar a viatura, o agente fez quatro disparos tendo atingindo o cobrador com dois tiros no braço direito e um na perna direita, um dos passageiro foi alvejado no ombro esquerdo", conta o taxista.

Francisco Salvador António disse ainda que o agente mostrou arrependimento depois do triste episódio, que teria acabado de cometer naquele instante.

"Ele ficou meio perturbado depois de fazer os disparos contra o cobrador e o passageiro, parecia que não estava dentro das suas faculdades mentais, porque o mesmo dizia que não sabia porque fez isso", explicou.

Por sua vez, o presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas (ANATA), Geraldo Wanga, lembrou, com preocupação, que este é terceiro caso em pouco tempo envolvendo taxistas e agentes da ordem-pública e lamentou o comportamento que diz "muito errado" que os agentes da polícia têm vindo a ter com os taxistas, parecendo que o fazem "só porque a farda lhes dá esse direito".

Geraldo Wanga disse ainda que a Associação Nova Aliança dos Taxistas ANATA, vai reunir com o comandante provincial de Luanda, Comissário-Chefe António Maria Sita, para procurar encontrar uma solução para estes casos desnecessários entre agentes da PN e taxistas.

"Em breve teremos um encontro com o Comandante Provincial de Luanda, no sentido de colocar um ponto final nestes cenários negativos que se têm registado com os taxistas", afirmou.