Em resposta ao antigo ministro britânico Peter Hain, que o questionou sobre a existência de corrupção em Angola, Francisco Queiroz lamentou que o fenómeno subsista no país, e que a sua discussão continue a ignorar os corruptores, focando apenas nos corrompidos.

"A corrupção é um fenómeno que tem alguma complexidade. Por vezes aborda-se de forma limiar e superficial sem conhecer os contornos e a forma como se desenvolve", disse o governante, citado pela agência Lusa.

Apesar de reconhecer a importância de travar corrompidos e corruptores, o ministro da Geologia e Minas sublinhou que essa luta não se ganha da noite para o dia.

"É algo que se faz parte das consciências e tem de se combater como se combatem os comportamentos, mas demora tempo", defendeu, lembrando que a corrupção "é uma das preocupações principais do próximo Presidente de Angola", numa alusão às prioridades já traçadas por João Lourenço.

Recorde-se que, no comício que deu início à sua corrida para a Presidência da República como candidato do MPLA, em meados de Fevereiro, o actual ministro da Defesa garantiu que vai "fazer um cerco apertado ao grande mal de que a nossa sociedade enferma, que se chama corrupção".

"Sejamos nós e não a oposição a dizê-lo, sejamos nós os primeiros a tomar a dianteira na luta contra este mal que corrói a nossa sociedade, porque a corrupção é um mal muito grande na nossa sociedade", disse, ironizando depois ao afirmar que se o país for bem-sucedido neste combate à corrupção, "até os corruptos vão ganhar com isso!".

E explicou porquê: "Porque os corruptos não vão ter de se esconder ou ter quem lhes aponte o dedo por serem corruptos, ganharemos todos, e ganhará acima de tudo o nosso país".

Mas lembrou também que não vale a pena pensar que "a corrupção é um mal só de Angola", sublinhando que "é um mal em todas as economias de mercado".

Já Francisco Queiroz considera que a pressão social e política no país vai ajudar a que a corrupção desapareça ou diminua para níveis menores.

Queiroz referiu que as eleições gerais de Agosto próximo, que colocarão um ponto final a 38 anos de José Eduardo dos Santos no cargo de Chefe de Estado, serão uma oportunidade para se avançar neste domínio.