Esta situação, que as forças de segurança, segundo relatos da imprensa congolesa, garantem que controlaram de imediato, estando mais calma ao final da manhã, resulta do continuado impasse nas negociações que deverão levar à nomeação de um Governo de transição, com um primeiro-ministro nomeado pela oposição.

A piorar a situação, a Conferência Episcopal da RDC, que se tinha disponibilizado, em finais de 2016, para intermediar as negociações entre a oposição e a Presidência da República, anunciou ontem que se retirava de cena por não conseguir encontrar vontade suficiente das partes para levar este esforço negocial a bom porto.

Como pano de fundo a mais esta situação de tensão em Kinshasa está, desde há pelo menos um ano, o adiamento da data das eleições e os constantes atrasos no processo eleitoral, como é o caso do registo eleitoral, que o Governo já admitiu não ter condições financeiras para concluir.

Este cenário serviu de justificação ao Presidente Joseph Kabila para protelar a sua saída do poder por, pelo menos, um ano, tendo sido acordado, ainda de forma ad-hoc, que as eleições seriam proteladas de Dezembro de 2016 para final do ano corrente.

Ao longo de 2016, foram vários os confrontos nas ruas entre manifestantes convocados pela oposição e a polícia, nomeadamente em Setembro e Dezembro, com registo de centenas de mortos.

A situação que Kinshasa vive esta manhã, com tiros disparados em algumas zonas da cidade, embora a imprensa congolesa, como refere à Radio Okapi, não tenha adiantado a sua proveniência, e fogueiras espalhadas pela cidade, com destaque para as comunas de Kimbanseke, Masina e Lemba, deixaram a capital da RDC quase vazia de trânsito durante várias horas.

No entanto, com a entrada em cena de centenas de polícias, a situação normalizou e a cidade começou a voltar à normalidade.

No entanto, os diversos órgãos de comunicação social congoleses estão repletos de analistas a admitirem que o actual cenário é propício a novos confrontos se as partes envolvidas nas negociações não chegarem a um acordo.

Facto é que quanto mais tarde esse acordo for conseguido, mais tarde Kabila deixará o poder, impedido que está pela Constituição de se recandidatar a um terceiro mandato.

No entanto a situação é explosiva um pouco por todo Congo-Kinshasa, como o Novo Jornal tem vindo a relatar.