A governante falava à margem do seminário sobre a economia do mar, que decorre desde segunda-feira em Luanda, numa parceria com a Universidade de Aveiro, de Portugal, cujos especialistas poderão também ser envolvidos na operação do novo navio científico angolano.

"O navio deve chegar a Angola durante o ano de 2018", apontou a ministra das Pescas, questionada pela Lusa.

De acordo com Victória de Barros Neto, o navio "Baía Farta" servirá também como "barco-escola", proporcionando formação em alto-mar na área da investigação marinha.

"O navio será de grande importância, não só para a comunidade científica de Angola, como também para toda a comunidade científica internacional, uma vez que Angola está localizada entre as duas grandes correntes oceanográficas, a de Benguela e a da Guiné, compartilhando deste modo com os países que partilham estes grandes ecossistemas os mesmo objectivos, desafios e soluções", enfatizou a governante.

Angola tem uma linha de costa de 1.650 quilómetros e uma Zona Económica Exclusiva de 330.000 quilómetros quadrados.

No âmbito do seminário de três dias sobre a economia do mar, que termina hoje, o Governo angolano está a identificar potenciais pontos de colaboração e interesses comuns para o desenvolvimento de parcerias futuras com a Universidade de Aveiro.

A Lusa noticiou em Julho passado que o banco holandês ING vai financiar a aquisição deste navio de investigação científica por parte do Ministério das Pescas de Angola, negócio que se arrastava desde 2014, fechado por 80 milhões de dólares (72 milhões de euros).

De acordo com um documento do Ministério das Finanças consultado então pela Lusa, o financiamento bancário à aquisição do navio aos estaleiros, do grupo Damen, também holandês, foi fechado no primeiro trimestre de 2016 e cobrirá quase 90 por cento do investimento necessário.

A aquisição do navio de investigação científica, denominado "Baía Farta" - uma das maiores áreas de pesca de Angola, na província de Benguela -, já tinha sido autorizada por despacho presidencial de Outubro de 2014, então por 75,9 milhões de dólares (60 milhões de euros, à taxa de câmbio da altura).

Contudo, a falta de financiamento, devido à crise financeira e económica que entretanto afectou o país, travou até agora o negócio.

De acordo com informação da Damen consultada pela Lusa, este será um dos navios tecnologicamente mais avançados do género e a sua construção "minimizará" o ruído subaquático, acústico interno e vibrações, garantindo assim níveis de silêncio necessários para a investigação científica dos recursos naturais marinhos.

O navio, de 74 metros de comprimento e uma velocidade de 13 nós, visa, segundo o Governo angolano, o estudo, identificação, conservação, uso sustentável e monitorização dos recursos biológicos e ecossistema marinho.

Também será utilizado para "contribuir para a sustentabilidade e garantir a conservação dos recursos biológicos aquáticos e do ecossistema marinho", escreve o despacho assinado em 2014 pelo Presidente José Eduardo dos Santos.