Os milicianos chefiados pelo chefe tribal Kamwina Nsapu iniciaram uma sublevação contra o Estado congolês na região de Kananga, Kasai, que rapidamente se alastrou para as vizinhas Kasai Central e Kasai Oriental, em meados de 2016.

Em Agosto de 2016, Nsapu foi morto pelos militares das Forças Armadas da RDC (FARDC) mas os seus seguidores não depuseram as armas nem diminuíram o ímpeto da rebelião encetada contra as instituições do Estado, tendo, em Setembro, realizado um dos mais violentos ataques em todos estes meses, ao aeroporto de Kananga, que tomaram de assalto.

Para recuperar o aeroporto, as forças de segurança da RDC provocaram dezenas de mortos nas milícias, havendo igualmente registo de mortos nas fileiras das FARDC e da polícia congolesa.

Entretanto, a violência escalou para patamares de puro terror, com execuções sumárias de milicianos por parte das FARDC, com a resposta a ser dada com a decapitação de 40 polícias por seguidores de Kamwina Nsapu, com o rapto e a morte de funcionários da ONU e, nas últimas duas semanas, com a descoberta de dezenas de valas comuns onde a missão das Nações Unidas na RDC, a MONUSCO, estima terem sido enterradas várias dezenas de pessoas, estando em curso uma investigação para saber quem são e quem foram os autores destes crimes.

O balanço trágico agora feito pelo UNOCHA vem confirmar as últimas notícias provenientes destas províncias da RDC, cujas fronteiras sul encostam o país a Angola, sendo clara a escalada da violência.

Cerca um milhão de pessoas, nota o relatório da UNOCHA foram directamente afectadas com esta onda de violência, na sua maioria deslocados que procuraram refugio nas províncias vizinhas e, algumas centenas, para já, em Angola, com o Governo Provincial da Lunda Norte a criar um pequeno campo de refugiados para acolher aqueles que fugiram deste cenário de guerrilha.

A UNOCHA adianta que mais de meio milhão de pessoas deixaram as suas casas, gerando ainda mais violência, porque as comunidades que apoiam os milicianos e as que condenam a atitude dos apoiantes de Nsapu acabaram, também elas, por se envolverem em confrontos, tendo acrescentado mais morto a esta já longa lista de vítimas.

Perante este quadro, estima ainda este departamento das Nações Unidas para a ajuda humanitária, vai ser preciso uma forte ajuda internacional para minimizar os efeitos desta tragédia e impedir que o número de vítimas cresça de forma descontrolada.