A informação, avançada pela agência Bloomberg, foi confirmada pela porta-voz da PGR moçambicana, Georgina Zandamela.

Para além do acesso às contas do ex-Chefe de Estado, a procuradoria quer verificar os movimentos bancários de outras 17 pessoas e de uma instituição.

Na base do escrutínio estão empréstimos no valor de 1,4 mil milhões de dólares contraídos pelas empresas públicas Ematum, Proindicus e MAM com o aval do Governo, que, no entanto, excluiu essas operações das contas públicas.

A essa verba juntam-se mais 727,5 milhões da emissão de títulos de dívida soberana que resultaram da reconversão das obrigações corporativas emitidas pela Ematum.

As denominadas dívidas ocultas foram admitidas pelo Executivo em Maio do ano passado, pouco depois de o escândalo ter rebentado, e levaram à realização de uma auditoria, cujos resultados deverão ser conhecidos no final deste mês.

Segundo explicou o Governo, entre 2013 e 2014, a Proindicus recebeu 622 milhões de dólares, a Mozambique Asset Management (MAM) 535 milhões de dólares, valores justificados com despesas de protecção da costa e das reservas de gás no norte de Moçambique.

O Executivo reconheceu igualmente a existência de uma dívida bilateral, contraída entre 2009 e 2014, de 221,1 milhões de dólares, "no quadro do reforço da capacidade para assegurar a ordem e segurança públicas".

Com a revelação dos novos empréstimos, a dívida pública de Moçambique disparou para os 11,66 mil milhões de dólares, dos quais 9,89 mil milhões de dólares são dívida externa.

Este valor representa mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) e traduz uma escalada de endividamento desde 2012, quando se fixava em 42%.