Os apelos à saída de Jacob Zuma da Presidência da República da África do Sul multiplicaram-se hoje em várias marchas de protesto, realizadas em Joanesburgo, Pretória, Cidade do Cabo e noutras grandes áreas metropolitanas do país.

Em Joanesburgo, os polícias chegaram a disparar balas de borracha para dispersar os cerca de 100 membros do partido do Governo que estavam a tentar chegar aos protestos, noticiou a Agência de Notícias Africana, citada pela AP, que dá também conta de outros confrontos motivados pela tentativa da polícia de manter os apoiantes de Zuma afastados dos manifestantes.

A contestação popular ao Chefe de Estado mobilizou até o bispo e Nobel da Paz Desmond Tutu, cuja saúde debilitada tem mantido longe de aparições públicas.

Os protestos contra Jacob Zuma subiram de tom após a demissão, na semana passada, do ministro das Finanças, Pravin Gordhan, cujo mandato se evidenciou pela postura anti-corrupção.

Aliás, o receio de que o afastamento de Pravin Gordhan se traduzirá no agravamento dos problemas económicos do país, prontamente manifestado pela oposição a Zuma, confirmou-se com a mais recente análise ao país realizada pela Standard & Poor's.

A agência de notação financeira desceu o 'rating' do país para o nível de não investimento, ou 'lixo', como é normalmente conhecido, avaliação que se deverá repetir com a Moody's, tendo em conta que a agência deu início ao processo que normalmente resulta numa degradação da classificação da qualidade do crédito soberano de um país.