De acordo com um artigo publicado quinta-feira pela equipa liderada pelo investigador Etienne Simon-Loriere, o jovem em causa foi internado em Março de 2016, no pico da epidemia de febre-amarela que assolou a capital, com sintomas que incluíam febre, cefaleia e icterícia, nunca tendo viajado para o estrangeiro.

O artigo, publicado no The New England Journal of Medicine, refere que a amostra do sangue do paciente deu positiva para uma variante da febre-amarela relacionada com o surto da doença em 1971 em Angola, ainda no período colonial português. Contudo, a "surpresa" colocou-se numa fase posterior da analisa durante sequenciação de ARN (ácido ribonucleico) de alto rendimento, feito em Paris, que também descobriu um genoma de encefalite japonesa relacionado a variantes da Ásia.

A encefalite japonesa é considerada a principal causa de encefalite (infeções agudas no cérebro) evitável na Ásia e no Pacífico Ocidental, existindo várias vacinas disponíveis. A forma grave da doença causa morte em até 30% dos casos.

Embora a transmissão local do vírus nunca tenha sido documentada na África, a equipa liderada pelo investigador Simon-Loriere refere que a presença em Angola de mosquitos vetores adequados, nomeadamente da espécie "gulex tritaeniorhynchus", e animais hospedeiros como suínos, significa que é necessária uma maior vigilância.

"O aumento dos níveis de movimento da população entre a Ásia e a África pode fornecer oportunidades para patógenos para expandir sua área geográfica", alertam os investigadores do Instituto Pasteur de Paris, enfatizando que o vírus da encefalite japonesa pode assim estar já a circular pelos países africanos.